Pe. Carlos Alberto Contieri
sábado, 14 de março de 2015
É pela fé em Jesus Cristo que somos salvos
O início do
evangelho de hoje faz referência explícita ao episódio relatado no Livro dos
Números (Nm 21,4b-9). Durante a travessia pelo deserto rumo à terra da
promessa, a tentação frequente do povo que Deus havia tirado da casa da
servidão foi voltar atrás (Nm 21,5). Tinha sido libertado por Deus da
escravidão, mas não tinha superado e se libertado da mentalidade de escravo.
Será preciso um longo e dolorido caminho para que essa páscoa aconteça. A causa
do que eles imaginavam ser o castigo de Deus era, na verdade, consequência da
falta de confiança e da murmuração contra Deus. A serpente de bronze levantada
numa haste era expressão da crença de que, tendo o inimigo numa imagem, ele
seria controlado. O texto apresenta uma novidade em relação a outros prodígios
de Deus ao longo da travessia pelo deserto; ele exige de quem quer ser salvo
fixar o olhar no emblema (vv. 8-9). O livro da Sabedoria, relendo esse fato, dá
a ele um alcance teológico: é Deus quem liberta de todo mal (Sb 16,5-8). A
elevação de Jesus Cristo na cruz é o antítipo da serpente elevada. Como parte
da catequese batismal do capítulo 3 do evangelho de João, nossa perícope dá uma
interpretação cristológica ao episódio narrado pelo autor do livro dos Números:
quem salva e cura da morte é Jesus Cristo. É pela fé em Jesus Cristo,
crucificado, morto e ressuscitado, que se é salvo e se tem a vida eterna. Na
segunda parte do trecho do evangelho de hoje, Jesus diz que o amor de Deus é a
causa preexistente da encarnação do Verbo eterno; a morte gloriosa de Jesus
para a salvação do mundo é o gesto do amor de Deus por toda a humanidade,
revelado no seu Filho unigênito. Nosso mundo não é, na visão cristã, um vale de
lágrimas, nem estamos num desterro. O mundo é o lugar da manifestação do amor
de Deus por toda a humanidade, o lugar em que o Verbo “armou a sua tenda” (Jo
1,14). Pela fé no Filho de Deus é dada aos que creem a vida eterna, a
participação na vida divina. A vida eterna é comunhão de vida com o Pai e o
Filho (cf. Jo 17,3). A vida eterna precisa ser recebida como dom do amor
incomensurável de Deus por toda a humanidade. É Deus que, por seu Filho, nos
introduz e nos faz participar da sua vida divina. A fé, contudo, está
subordinada à liberdade do ser humano. Ao invés da Luz, os homens podem
preferir as trevas (cf. Jo 1,4-5.9-11).
Pe. Carlos Alberto Contieri
FONTE: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho
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