sábado, 21 de março de 2015

A universalidade da salvação


O tema central da liturgia da palavra deste quinto domingo da quaresma é a universalidade da salvação e a difusão da fé entre os pagãos. Jeremias exerceu o seu ministério de profeta no curso do século VI a.C., no período um pouco anterior ao exílio na Babilônia e durante o exílio. Ficou em Judá durante o exílio. No trecho do seu livro que lemos na primeira leitura, Deus promete a seu povo uma Aliança nova, exatamente num período catastrófico para Israel: tomada de Jerusalém pelos babilônios, destruição do templo e exílio. Trata-se de uma aliança diferente da que ele havia feito no Sinai. Essa aliança nova, concluída muito mais tarde, pelo sacrifício de Jesus Cristo, será universal. A aliança nova prometida por Deus será diferente da aliança do Sinai, feita sobre tábuas de pedra, pois ela será interior, uma aliança que mudará o coração do povo de Deus. S. Paulo, seguindo essa mesma linha de raciocínio, diz: “Com toda evidência vós sois uma carta do Cristo (...) escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não sobre tábuas de pedra, mas sobre tábuas de carne, sobre os vossos corações” (2Cor 3,3). No evangelho deste domingo, Jesus está em Jerusalém para a festa da Páscoa. É a última etapa de sua vida pública. Para Jesus, essa festa da Páscoa será também a sua Páscoa da morte à ressurreição. Havia em Jerusalém um grupo de gregos, pagãos que foram a Jerusalém para participar da festa. Não se diz, mas podemos supor que eram religiosos e que foram atraídos pela fé dos judeus no Deus único e verdadeiro. Eles se aproximam de Filipe e manifestam o desejo de conhecer Jesus. Filipe recorre a André e ambos vão apresentar o pedido a Jesus. No entanto, Jesus não responde diretamente à solicitação. Talvez porque a conversão dos pagãos não possa acontecer senão graças à sua paixão. A imagem do grão de trigo ajuda a compreender o caminho de glorificação de Jesus. Para produzir fruto o grão de trigo tem que cair na terra; essa queda na terra é a condição da fecundidade da semente. A paixão e morte de Jesus não são estéreis, são para a vida. Aqui, em João, o grão é identificado com o próprio Cristo, à diferença das parábolas do Reino dos céus (Mt 13,3ss), em que a semente é identificada com a Palavra de Deus. Na verdade, segundo a teologia joanina, Jesus é a palavra encarnada de Deus. Com essa pequena parábola do grão de trigo que cai na terra, Jesus dá sentido à sua paixão e morte: “produzir muito fruto”. O fruto de sua glorificação é a vida do mundo: “o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo” (Jo 6,51).

Pe. Carlos Alberto Contieri


FONTE:http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho

Nenhum comentário:

Postar um comentário