sábado, 19 de setembro de 2015

No seguimento de Cristo, o maior é o que serve


Nosso texto de hoje é o segundo anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Do ponto de vista narrativo, esses relatos têm a função de preparar o leitor para entrar no relato da paixão e morte do Senhor sem ser tomado pela surpresa e sem medo e esmorecimento, mas iluminado e fortalecido pela ressurreição. O Jesus de Marcos é um Mestre que sempre ensina os seus discípulos e a multidão. Aqui neste trecho o conteúdo é o mistério pascal do Filho de Deus. Jesus anuncia claramente sua paixão e ressurreição, mas os discípulos não são capazes de compreender e têm dificuldade em aceitar. Eles estão, por assim dizer, em outro registro, muito distante do que Jesus lhes anuncia. Para eles o Messias deve ser vitorioso e triunfar; eles não podem admitir que o Messias seja humilhado e morto. Naquela época, a ideia da ressurreição era, ainda, muito vaga. Como no primeiro anúncio (Mc 8,31-33), Jesus repreende os discípulos por causa da reação deles e do comportamento inadequado. Na verdade, eles não recebem bem o anúncio da paixão e da ressurreição. A discussão entre eles sobre quem era o maior é expressão da incompreensão acerca do destino de Jesus e de sua missão e, também, da condição deles como discípulos. Jesus revela que será entregue nas mãos dos homens, condenado e morto, e eles aspiram à grandeza. Jesus rejeita toda honra mundana, mas os seus discípulos desejam honra e grandeza. Tudo isso é incoerência. No seguimento de Cristo e, portanto, na vida cristã, o maior é o que serve, à imitação de Jesus que se fez servo de toda a humanidade. No seguimento do Senhor, em que o serviço deve caracterizar a missão, a disputa pelo poder e a defesa de privilégios são absolutamente inaceitáveis. O acolhimento de todos, sem acepção de pessoas, e de modo especial dos que mais precisam de cuidado, é a atitude requerida de todos os cristãos que compreendem a fé que professam. Peçamos ao Senhor que possamos amar o serviço e renunciar a todo tipo de prestígio pessoal e de honrarias mundanas.
Pe. Carlos Alberto Contieri, sj

FONTE: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&id=5351
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sábado, 5 de setembro de 2015

Jesus revela o rosto misericordioso de Deus


Jesus atravessa as aldeias, passa pela vida de cada um de nós praticando o bem, revelando o rosto misericordioso de Deus, fazendo sentir seu imenso amor e suscitando em cada um a fé na vida. O território é pagão, modo de o texto afirmar o chamado dos gentios à salvação. Apresentam a Jesus um homem surdo e com dificuldade de falar. Um surdo-mudo é incapaz de se comunicar por palavras, por isso, é excluído da vida social. A sua situação é humilhante, uma vez que não compreende o que é dito nem pode responder. O seu mal está na sua surdez: ele é mudo porque é surdo. Algumas pessoas levam o homem até Jesus. Quem são os que conduzem a Jesus o surdo que tinha muita dificuldade em falar, o texto nãos nos diz. No entanto, há de supor que se trate de pessoas que creem no poder de Jesus, pois pedem que o Senhor imponha as mãos sobre ele. Jesus age com discrição, levando o homem à parte, longe da multidão. Jesus não busca o sucesso, nem impressionar. Ele quer somente fazer o bem; e o bem, fruto do seu amor, é silencioso e discreto. Jesus toca os ouvidos do homem com os dedos. Os dedos transmitem o poder (cf. Ex 8,15) que abre os ouvidos (cf. Sl 40[39],7). A propriedade terapêutica da saliva, sobretudo, cicatrizante, já era conhecida na antiguidade. É do céu que vem a ajuda, por isso, Jesus olha para o céu, e o seu “gemido” é expressão da súplica a Deus (cf. Rm 8,26). Os gestos são acompanhados da palavra que liberta: “Abre-te!”. A palavra dá o significado dos gestos. A cura remete o leitor ao advento messiânico em que a realidade é transformada (cf. Is 35,5-6). Agora, o homem pode ouvir e falar corretamente. Jesus pede discrição sobre o acontecido. É o que, em Marcos, se chama o “segredo messiânico”. O enorme espanto que se apossa da multidão a faz dizer algo que evoca o relato da criação (Gn 1,10.12.18.21.31): “todo ele tem feito bem”. Em Jesus Cristo se dá, efetivamente, uma nova criação, pois ele devolve à criatura a possibilidade de reconhecer que Deus fez tudo bem.

Pe. Carlos Alberto Contieri, sj

FONTE: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho