sábado, 31 de maio de 2014

A ascensão de Jesus é nossa vitória.


Na oração da coleta deste dia, rezamos: “Ó Deus, a ascensão do Vosso Filho já é nossa vitória”. Celebramos a vitória de Jesus Cristo sobre o mal e todas as suas manifestações e sobre a morte. Dessa vitória todos somos herdeiros, pelos méritos de Cristo. Essa vitória de Cristo nos faz compreender que o mal e a morte não têm mais poder, eles foram vencidos pelo Senhor ressuscitado dentre os mortos.

O texto dos Atos dos apóstolos de hoje é importante para compreender a mensagem da ascensão do Senhor. Ao longo de quarenta dias, depois da ressurreição, o Senhor aparecia aos discípulos e os instruía pelo Espírito Santo. O Senhor continua a estar presente e a falar com os seus, mas agora não de viva voz e em carne e osso, podemos dizer, mas pelo Espírito Santo. O Espírito Santo torna o Cristo presente aos seus discípulos e atual as suas palavras. Agora, é através do Espírito Santo que o Senhor continua a revelar o desígnio salvífico de Deus. O relato da ascensão não se oferece ao nosso olhar; trata-se de uma profissão de fé: ressuscitado dos mortos, Jesus Cristo foi elevado ao céu onde está sentado à direita do Pai. O relato tem por finalidade ser um apoio para a intelecção da fé e o aprofundamento do mistério da ressurreição. O passivo divino usado para dizer da elevação de Jesus (vv. 9.11) indica que é o Pai quem o elevou. A nuvem que envolve o Ressuscitado (v. 9) é para a tradição bíblica símbolo da presença de Deus que acompanha o seu povo (cf. Ex 13,22). A nuvem que envolve o Senhor é um modo de dizer que Jesus ressuscitado entra no mistério de Deus, no que é seu, antes da criação do mundo. Os dois mensageiros celestes são um apoio para compreender que, agora, com seu corpo glorioso, o Senhor não é encontrado no alto, mas na nossa própria humanidade, em todos os lugares e situações, no cotidiano da existência humana. É pela fé que vemos e encontramos o Senhor, em meio às vicissitudes da história. Pela fé a elevação de Jesus Cristo não é sentida como ausência, mas como uma forma de presença.

O evangelho deste domingo nos diz que é o Ressuscitado que está na origem da universalidade da missão da Igreja. A presença permanente do Senhor é o sustento dessa missão.

FONTE: https://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho
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sábado, 24 de maio de 2014

Perseguidos por causa de Jesus.


A missão cristã encontra resistência, oposição e perseguição em razão da união dos discípulos com o Senhor (Mt 10,24-25; Jo 13,16; 15,20). É bastante provável que, em nosso texto de hoje, “mundo” represente a sinagoga que persegue os cristãos até a morte (cf. At 7; 9,1-2). No envio dos discípulos, Jesus os prevenia para a possibilidade de resistência violenta contra a missão cristã (Lc 10,3; Mt 10,16). Já no prólogo do evangelho João anuncia a rejeição do Verbo de Deus (1,5.10). No diálogo catequético-batismal de Jesus com Nicodemos, Jesus apresenta o motivo da rejeição da luz por parte dos homens: “porque suas obras eram más” (3,19). É em razão da configuração da vida à Cristo que o discípulo é perseguido (cf. v. 18). Mas é nessa comunhão com o Senhor que o discípulo deve encontrar o apoio para enfrentar a rejeição, a perseguição e até a ameaça da própria vida, e não sucumbir diante das adversidades próprias da missão. A razão da perseguição ou do ódio do mundo por aquilo que é de Deus é dupla: ignorância e falta de fé. Os perseguidores desconhecem o Pai e, por isso, não reconhecem que Ele enviou Jesus (v. 21).


Carlos Alberto Contieri, sj


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domingo, 18 de maio de 2014

O que a falta de fé pode fazer na vida do discípulo...




Toda a liturgia da palavra deste quinto domingo da Páscoa repousa sobre a preocupação com a unidade da comunidade, depois da morte e ressurreição do Senhor. A unidade e a comunhão dos discípulos são sinais e, ao mesmo tempo, frutos da presença de Jesus Cristo ressuscitado dos mortos. No caso do início do capítulo 6 dos Atos dos Apóstolos, a unidade da comunidade é ameaçada pelo aumento do número dos que aderiam à fé em Jesus Cristo. Com esse aumento, começou a haver uma contenda entre dois grupos: os cristãos convertidos do judaísmo e os cristãos convertidos do paganismo. Quando cresce o número de pessoas, quando aumenta a diversidade, inclusive cultural, a comunidade pode apresentar seu ponto de fragilidade e necessita de atenção. O problema é que as viúvas dos gregos não eram assistidas em suas carências. Os Doze não dão mais conta de todo trabalho a ser feito e de socorrer todas as necessidades. É preciso que eles permaneçam fiéis ao seu ministério específico (v. 4), suscitando e verificando os diferentes carismas de serviço presentes na comunidade, e colocando-os a serviço do bem de todos. A proposta e a escolha dos “sete” (vv. 3.5) foram a solução para aquele problema específico da comunidade.
Há outras ameaças à unidade da comunidade: a tristeza, a desilusão, a frustração. O capítulo 14 de João é a continuação do discurso de despedida de Jesus no contexto da última ceia. O anúncio da paixão e morte desconcerta os discípulos, na linguagem do próprio evangelho, “perturba”, agita. A preocupação de Jesus nesse discurso é com essa situação dos discípulos. A preocupação é com o que a falta de fé pode fazer na vida do discípulo decepcionado, frustrado, perturbado. A falta de fé fez e faz os discípulos abandonarem o Senhor e a própria comunidade. Por isso, o início do trecho de hoje do evangelho é um convite à fé (v. 1). O apoio da vida em Deus é o que sustenta o discípulo ante o desfecho dramático da existência terrena de Jesus. É a fé que permite ver um sentido em todas as coisas, até mesmo nas mais trágicas situações da nossa história, da história de Jesus que “passou por este mundo fazendo o bem”. A fé é que permitirá, mais tarde, sentir a morte de Jesus como lugar a partir do qual brilha a Glória de Deus. 

Carlos Alberto Contieri, sj


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domingo, 11 de maio de 2014

Jesus é a "Porta"


Hoje, quarto domingo do tempo da Páscoa, é o domingo do Bom Pastor. No entanto, a afirmação mais importante do texto do evangelho deste dia é que Jesus é a “porta das ovelhas”, expressão repetida duas vezes ao longo do texto (vv. 7.9). O contexto do capítulo 10 de João é a controvérsia de Jesus com os fariseus; eles são, no quarto evangelho, os adversários por excelência de Jesus e que, juntamente com os sumos sacerdotes, querem matá-lo; são eles, igualmente, que julgam que Jesus é um blasfemo.
Uma das particularidades do evangelho é a afirmação de Jesus “eu sou”. Essa assertiva evoca Ex 3,7ss, em que Deus se apresenta a Moisés na sarça ardente como “Eu sou”. Portanto, trata-se, aqui, da afirmação da divindade de Jesus. Essa afirmação, no evangelho, é seguida sempre de uma imagem: porta, bom pastor, pão da vida, pão descido céu, caminho, verdade, vida. Essas imagens nos permitem entrar no mistério de Jesus Cristo, enviado do Pai para dar vida ao mundo, através dos vários aspectos de sua ação salvífica. Jesus é a porta. De que porta se trata? Da porta de um cercado, sem teto. Ele é a porta e como toda porta ele permite entrar e sair; uma porta que abre e que fecha. Quando a porta é fechada é para proteger as ovelhas de seus predadores e ladrões; quando a porta é aberta o pastor vai à frente das ovelhas para conduzi-las às pastagens. Quem conduz o povo de Deus é o próprio Senhor. Quem nos conduz ao redil e é a porta que protege o povo contra os inimigos é o Senhor. As ovelhas, de cujo redil Jesus é a porta, seguem unicamente o Pastor cuja voz elas conhecem, pois sabem que, caminhando à sua frente, ele lhes conduzirá à verdadeira pastagem (cf. Sl 22). As ovelhas não seguem a voz de um estranho. O discípulo, ou se preferirem, a comunidade dos discípulos é caracterizada como aquela que, protegida e conduzida pelo Pastor, ouve unicamente a sua voz, sem se deixar seduzir ou enganar pela voz de estranhos. Jesus é a porta. Para nós que cremos, somente por Jesus é que temos acesso à salvação; somente nele e por ele encontramos proteção contra o “inimigo da natureza humana”. Somente seguindo os passos do Bom Pastor podemos encontrar e sermos nutridos pelo alimento capaz de sustentar a vida e nos livrar da morte.



Carlos Alberto Contieri, sj

FONTE: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&id=4853
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sábado, 3 de maio de 2014

Do ver ao reconhecer


A riqueza do evangelho é tal que ele precisa ser saboreado internamente. Todo o capítulo 24 de Lucas pode ser considerado como um resumo de todo o seu evangelho. Cada um dos evangelhos é fruto da experiência pascal dos discípulos. Nesse sentido, trata-se de um testemunho de fé. Cada trecho do evangelho é uma verdadeira Páscoa: da cegueira à visão, da enfermidade à cura, da morte à vida, da tristeza à alegria, da falta da esperança à esperança, do ódio e rancor ao amor. O relato dos discípulos de Emaús é, do início ao fim, uma Páscoa. O caminho que separa Jerusalém de Emaús é metáfora de um caminho muito mais longo, o caminho através das Escrituras, em que a lição de exegese dada por Jesus aos dois discípulos oferece condições de eles reconhecerem o Senhor no partir o pão.

A morte de Jesus representou uma forte frustração para aqueles que punham nele as esperanças messiânicas (cf. v. 21) e fez com que, por um instante, a comunidade dos discípulos entrasse em crise. O nosso texto visa transmitir o fato que permitiu a passagem do abatimento à alegria, do ver ao reconhecer. O espaço teológico-espiritual entre o ver e o reconhecer permitiu a Jesus a lição de exegese. No tempo do reconhecimento os discípulos confessarão que foi ela que os transformou (cf. v. 32). A explicação e compreensão da Escritura, à luz da ressurreição do Senhor, abriram os olhos para o reconhecimento. A primeira ressurreição, para os discípulos é, então, a da memória. Eles compreenderam, então, que o Senhor que se apresenta vivo no meio deles, de alguma forma, estava presente em toda a Escritura que, por sua vez, encontra nele sua plenitude e sentido. Quando do reconhecimento o Senhor desapareceu da vista deles. É que a visão física não é mais necessária para “ver” o Senhor. Mesmo invisível aos olhos, o Senhor está e permanecerá presente. A invisibilidade não significa, no que diz respeito à fé, ausência. Fato, aliás, que eles nem sequer mencionam, como se a visibilidade não tivesse a menor importância. O que retém a atenção deles, e torna-se objeto da mensagem transmitida aos demais discípulos, é o acontecido no caminho para Emaús, no tempo que precedeu o reconhecimento (cf. v. 35), tempo de escuta, em que o Mestre ressuscitado continua a instruir os seus discípulos. Se a morte dispersou os discípulos, a experiência do Ressuscitado os congrega (cf. v. 33).


Carlos Alberto Contieri, sj

https://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&id=4845
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