domingo, 27 de maio de 2012

Jesus renova a comunicação no Espírito


As festas religiosas, nas religiões primitivas em culturas de economia agrícola, como acontecia em Canaã, eram associadas ao tempo de colheitas, ao longo do ano. Assim acontecia com as festas da Páscoa, dos Ázimos e de Pentecostes, celebradas no Templo de Jerusalém. A festa da Páscoa, que antecipa o primeiro dia dos Ázimos, era celebrada no começo da colheita do trigo (14o dia do mês de Nisã - geralmente em Abril) e a festa de Pentecostes celebrada sete semanas (cinquenta dias) depois.

João, no seu evangelho, após a crucifixão de Jesus na véspera de um sábado, apresenta os grandes eventos do primeiro dia da semana que se inicia. Este dia, o da ressurreição, bem delimitado no evangelho de João, começa com a ida de Maria Madalena ao túmulo de Jesus, de madrugada. Encontrando o túmulo vazio, avisa a Pedro e João, que correm para constatá-lo. Ao anoitecer deste mesmo dia, os discípulos estão reunidos com as portas fechadas, o que indica o temor que os tomava diante da execução de Jesus pelos judeus. Jesus entra e se põe no meio deles. De imediato lhes comunica a paz, a eles que estavam perturbados. Aquele que fora crucificado se apresentava vivo entre eles, o que é motivo de grande alegria, ainda mais quando Jesus renova a comunicação de sua paz.


Soprando sobre eles, comunica-lhes o Espírito Santo. É o Espírito de Amor que liberta do pecado e une a todos formando um só corpo (segunda leitura) na diversidade, na fraternidade, no serviço e na compaixão. É o Espírito que renova a face do mundo inundando-o de amor e paz. 

Lucas, na passagem paralela a esta, em seu evangelho, não menciona o dom do Espírito com o sopro de Jesus. É em Atos dos Apóstolos que será feita, com um grande realce, a narrativa do dom do Espírito Santo, com uma teofania caracterizada por grandes sinais espantosos, como acontecimento que ocorre na festa judaica de Pentecostes (primeira leitura). Tal narrativa contrasta com a simplicidade da narrativa de João, bem como com o clima de perseguição aos discípulos, que nela transparece. Trata-se de uma narrativa teológica a fim de vincular o movimento de Jesus aos judeus cristãos de Jerusalém, que continuaram frequentando o Templo até sua destruição, no ano 70, e as sinagogas, das quais foram expulsos na década de 80.

 
As narrativas da ressurreição e as aparições sucessivas exprimem uma realidade que as antecede. São a confirmação da condição humana e divina de Jesus que, em toda sua vida, revelou o amor libertador e vivificante de Deus, que a todos comunica sua vida divina e eterna.


José Raimundo Oliva
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sexta-feira, 18 de maio de 2012

SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR


Dia Mundial das Comunicações Sociais – 29º Vigília pelos mortos de AIDS

São Lucas ao iniciar o livro dos Atos dos Apóstolos (primeira leitura) nos diz que: “Em minha primeira narração (Evangelho de Lucas), ó Teófilo, contei toda a sequência das ações e dos ensinamentos de Jesus, desde o princípio até o dia em que, depois de ter dado pelo Espírito Santo suas instruções aos apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao céu” (At 1, 1-2). Assim, a ascensão do Senhor foi um fato real, atestado também na segunda leitura: “...É o mesmo poder extraordinário que ele manifestou na pessoa de Cristo, ressuscitando-O dos mortos e fazendo-O sentar à sua direita no céu, acima de todo principado, potestade, virtude, dominação e de todo nome que possa haver neste mundo como no futuro” (Ef 1, 19b – 21). Jesus, então, sobe ao céu de corpo e alma, por Seu poder e assume a Sua glória junto do Pai celeste. Marcos, no Evangelho de hoje também atesta a Ascensão do Senhor: “Depois que o Senhor Jesus lhes falou, foi levado ao céu e está sentado à direita de Deus” (Mc 16, 19).

E esta verdade de fé, fé baseada no fato real da Ascensão, está presente no Credo, ou Símbolo dos Apóstolos, como um dos doze artigos básicos da fé cristã: “Subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso”. Assim, pois, crer e professar a Ascensão do Senhor é uma exigência de fidelidade à Palavra de Deus, à Igreja e ao próprio Senhor Jesus. Ao quadragésimo dia após a Ressurreição, o Senhor assume a Sua glória plena, diante do Pai e da corte celeste. Esta festa traz para nós várias considerações práticas de vivência cristã.

A pregação do Evangelho a toda criatura (mandato missionário para a Igreja) é dada imediatamente antes da Ascensão: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16, 15-16). Assim, a pregação do Evangelho decorre da Ascensão: Cristo glorificado quer ser anunciado se seguido (pela fé e pelo Batismo), como aplicação concreta de sua obra salvífica a cada passo a: “toda criatura” (ibidem). Portanto, a universalidade as salvação é presente neste mandato missionário certamente quem anuncia a Jesus deve também crer n’Ele.

O Senhor promete dons especiais, ou carismas, aos que crerem e forem anunciadores d’Ele: “expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal, imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados” (Mc 16, 17-18). Estes dons devem ser procurados não para a nossa glória, mas para conduzir à busca da glória de Deus, glória essa que o Senhor Jesus assumiu na invisibilidade do céu, e que se manifesta nessas ações de cura e libertação que Jesus opera mediante a fé de quem evangeliza e de quem é evangelizado.

Outra maravilhosa conseqüência da Ascensão é a promessa do envio do Espírito Santo a Igreja: “...ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem aí o cumprimento da promessa de seu Pai “que ouvistes, disse Ele, da minha boca; porque João batizou com água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui a poucos dias” (At 1, 4-5). Portanto, ficar em clima de oração, de experiência do Espírito Santo, se deu em Pentecostes. Para nós esta festa será celebrada no domingo seguinte, como uma nova experiência do Divino Espírito Santo. E nos versículos seguintes Jesus mostra que é o Espírito Santo quem dará a força para os discípulos serem as testemunhas até os confins do mundo (At 1, 8). Daí a evangelização ser operada sob a força do Espírito Santo.

A Igreja estabeleceu o dia da Ascensão como o dia Mundial das Comunicações Sociais justamente porque os Mass Media devem comunicar o bem e a verdade, e a verdade plena é o Evangelho do Senhor ressuscitado e glorificado. Bem como, desde o Papa Leão XIII devemos fazer a novena preparatória para Pentecostes, que se inicia este ano, em 18 de maio, nos colocando com a Igreja Nascente, que fez pela primeira vez esta novena.

São Paulo roga por nós ao Pai assim: “vos dê um espírito de sabedoria que vos revele o conhecimento dele; que ilumine os olhos do vosso coração para que compreendais a que esperança fomos chamados, quão rica e gloriosa herança que ele reserva aos santos” (Ef 1, 17-18). Isto significa que valorizamos a vida eterna, buscando a glória de Deus que Jesus já assumiu para si e nos chama para a mesma. Daí, afastamo-nos da glória falsa do mundo e buscamos a glória verdadeira. Não é fugir do mundo, mas não se render a ele, e buscar evangelizá-lo, para que encontre a Deus.


Monsenhor José Geraldo da Silva Pinto Souza 

sábado, 12 de maio de 2012

FELIZ DIA DAS MÃES


MÃE

Parabéns pelo seu jeito
amoroso de ser;
teimoso de fazer;
bendito de perdoar;

inigualável de recomeçar sempre;
carinhoso de acolher entre os braços;
confiante de apertar contra o coração;
incansável de trabalhar;

nobre de errar e reconhecer o erro;
íntegro para tomar atitudes francas e corajosas;
singelo de admoestar;
silencioso de chorar quando precisa;

feliz de sorrir quando necessário;
piedoso de rezar;
poderoso de superar-se diante dos obstáculos;
paciente para ouvir e aconselhar.

Parabéns, mãe, pelo seu jeito divino de amar.


Rivaldo Rodrigues Cavalcante


EVANGELHO DE JOÃO 15, 9 - 17


Permanecer no amor

Cada frase de João é densa de conteúdo. Seu evangelho, a cada passo, abre janelas para uma contemplação da revelação de Deus na encarnação de seu Filho, Jesus. João apresenta-nos as palavras de Jesus, desabrochadas e vividas na vida de suas comunidades.

A partir da imagem na qual os galhos devem permanecer unidos à videira, Jesus convidara os discípulos a permanecerem nele a fim de que dessem muito fruto. Agora os discípulos são estimulados a permanecerem no seu amor. Compreendemos que o amor de Jesus por nós é o mesmo amor do Pai por ele, em uma plenitude transbordante. A fonte do amor é o amor entre o Pai e o Filho, que é o amor apropriado ao Espírito Santo. Permanecer no amor de Jesus é inserir-se nesta comunhão de amor e vida entre o Pai e o Filho.

Partindo de uma adesão pessoal, o permanecer no amor de Jesus significa inserir-se na comunidade de discípulos e irradiar-se, envolvendo a outros, ampliando a comunidade de amor e prolongando-a no tempo.

Eram tradicionais, na religião de Israel, os mandamentos de Moisés, elaborados no decorrer da história de Israel e do judaísmo. Os mandamentos de Jesus estão contidos nas bem-aventuranças registradas nos evangelhos de Mateus e Lucas, as quais ultrapassam aqueles mandamentos antigos. E, agora, Jesus revela o mandamento maior: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei" (cf. Jo 13,34).

O atributo de "poder" aplicado a Deus no Primeiro Testamento é associado a características tais como disputa, inimigo, guerra, destruição e morte, com o título "Deus dos exércitos". O Deus de Amor, revelado por Jesus, não comporta nenhuma destas características. É o Deus da misericórdia e da compaixão, que entra em comunhão de vida plena com seus filhos, homens e mulheres, em Jesus. E os discípulos são chamados a dar frutos que permanecem para sempre, rompendo quaisquer barreiras de exclusivismos e exclusões, favorecendo o desabrochar da vida e instaurando a paz.

Na primeira leitura vemos como o Espírito Santo de Amor desconheceu as fronteiras do judaísmo e infundiu-se nos corações dos pagãos na Samaria. Pedro dá testemunho de que o Deus de Amor não faz discriminação entre as pessoas, revelando-se a todos os povos e nações: "Ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença".

A Primeira Carta de João (segunda leitura) é um exuberante hino ao amor. Nos seus cinco capítulos ele usa cinquenta e duas vezes as palavras amar ou amor. "Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele" (1Jo 4,16). Esta é a realidade de Deus, revelada por Jesus aos discípulos e às multidões, em sua vida e em seus atos. Se Deus é todo poderoso na criação do universo, ele é todo Amor em sua relação com seus filhos, homens e mulheres, em todos os tempos e em todos os povos. 

José Raimundo Oliva



sábado, 5 de maio de 2012

EVANGELHO DE JOÃO 15, 1-8




Por oito vezes Jesus usa o verbo “permanecer” no Evangelho de hoje. Porque tanta relutância neste assunto? A única explicação é que a permanência em Cristo é o núcleo fundamental da sua mensagem.

Permanecer em Jesus é acolher sua palavra e seu exemplo, e procurar colocá-los em prática. É permanecendo em Jesus que os discípulos produzirão os frutos que são do agrado do Pai. E a seiva do amor que une Jesus e os discípulos cria laços entre as pessoas, leva à fraternidade, à solidariedade e comunica a vida.

Para que nós sejamos ramos frutíferos precisamos ouvir e guardar bem as palavras do da verdadeira videira: Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Para que mais uvas cresçam, o Senhor poda os ramos, removendo os rebentos inúteis e tudo o que poderia desviar a força vital da produção. A poda é dolorosa, mas necessária porque muitas coisas sugam nossa força e nos impedem de dedicarmo-nos à produtividade. Precisamos de uma boa capina e poda. Portanto deixa-se corrigir. A outra coisa exigida para produção de fruto é permanecer na videira. Sem a ligação vital com a videira, o próprio ramo murcha e morre. Isto leva à segunda responsabilidade principal desta passagem.

Permanecer em Jesus é essencial para viver e frutificar. Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

Aqueles ramos que permanecem em Cristo produzem muito fruto, pois, casos contrários serão colhidos e lançados no fogo. É a pura verdade que Jesus nos diz: sem mim nada podeis fazer. Separado de Jesus, você nada pode fazer nada para melhorar a sua, vida, sua família, sua alma e nem sua relação com Deus. Muitos tentam andar sós, pensando que sua bondade e discernimento produzirão fruto sem se apoiar no Senhor. Se você também está pensando e agindo desta maneira está enganado (a). Somente através de Jesus somos capazes de cumprir a justiça e a verdade que o Senhor espera que produzamos.

Para isso Jesus permanece em nós através de suas palavras: Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós. Alguns buscam divorciar Jesus do que ele diz e procuram uma relação com ele sem prestar cuidadosa atenção à palavra dele. Eles dependem de sentimentos, emoções e experiências. Mas, de fato, Jesus mora em nós somente até o ponto em que sua palavra e seus ensinamentos permanecem em nós. Precisamos lembrar-nos constantemente do que Jesus disse e meditar nisso de modo que ele possa viver poderosamente em nós. O outro modo pelo qual Jesus permanece em nós é ao guardarmos os seus mandamentos: Se guardardes os meus mandamentos permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço.

Peçamos ao Pai do céu que nos dê a graça de manter uma ligação ininterrupta, uma relação ativa e constante com Jesus de quem dependemos para produzir os frutos que espera de mim e de você.

Padre Bantu Mendonça K. Sayla