sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

HOMILIA 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Jesus em dia de sábado, entra na sinagoga (local de culto da Palavra) e começa a ensinar. Revela-se o grande e definitivo profeta, que Moisés, na primeira leitura anuncia que viria no futuro (Dt 8,15-20). Notemos que Moisés está há doze séculos antes de Cristo. Esse grande profeta deverá ser obedecido, escutado (Dt 18,15). Porque Deus pedirá contas a quem não escutar as suas palavras que esse profeta pronunciar em Seu nome (Dt 18,19)


Todos na sinagoga ficaram admirados com o ensinamento de Jesus, pois ele ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da lei (Mc 1,22). Essa autoridade estava atestada mediante a expulsão de um demônio, que possuía um homem, que se achava presente (Mc 1,23-28). Essa expulsão faz o povo ficar admirado e exclamava: “O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem” (Mc 1,27).


Antes de sair do homem possuído, o demônio grita aterrorizado: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Eu sei quem tu és: Tu és o Santo de Deus” (Mc 1,23-24). Esta mesma exclamação São Pedro a profere, mas com amor e fé (Jo 6,68-69). O mesmo devemos fazer; louvar o Senhor e acolhe-Lo com amor.


O Salmo 94 (95) fez o povo de Israel (e também nós) afirmar, crendo, que Deus é o nosso rochedo que nos salva. Ele é o nosso pastor e nós somos o seu povo e o seu rebanho. E, portanto, ir ao seu encontro caminhando com louvores. Ajoelhar-se, prostrar-se por terra, adorar a Deus. Não fechar o vosso coração a Deus, mas escutá-Lo, em Jesus Cristo, o grande e máximo profeta, e mais que profeta – Deus mesmo feito homem, através da bíblia, da igreja e de nosso interior.


São Paulo, na segunda leitura coloca o celibato (a castidade total por amor ao Reino de Deus) como a condição mais perfeita para o cristão. Nesse estado, a pessoa está com disponibilidade total para as coisas de Deus (1Cor 7,32-35). A pessoa que busca o sacramento do matrimonio faz uma escolha também boa, desde que o faça por vocação dada por Deus e não um mero fato humano de teor apenas afetivo-passional. O que escolher o celibato ou o casamento? A escolha deve sempre obedecer à vocação de cada um; se Deus dá a vocação celibatária, esta deve ser ”escolhida”, ou seja, fazer a escolha que Deus fez para cada um. Como saber que escolha Deus me deu? Pela escuta de Deus no coração, pela voz da igreja, pela luz do Divino Espírito Santo.


Em suma: escutar o profeta de Deus, hoje a igreja. Escutar e seguir essa voz do Senhor. Ao mesmo tempo, o cristão deve ser profeta de Deus, fazendo ecoar a sua voz, não profetizando de suas próprias opiniões. Hoje em dia é muito fácil cair nas tentações de difundir as idéias mundanas, como uma moda, ou como estar “atualizado”. Mas, estar sensível á voz de Deus que trás a salvação, a segurança e a verdadeira realização.


Mons. José Geraldo da Silva Pinto Souza – Pároco
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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

HOMILIA 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM



O profeta Jonas é enviado a Nínive cidade pagã cheia de pecado, para convidá-la a conversão. Deus é o Deus misericordioso, e com esse envio, mostra que quer a salvação de todos. Num primeiro momento, o profeta foge do que Deus lhe ordenara, mas depois retoma o envio de Deus. Jonas pos-se a caminho de Nínive, conforme a ordem do Senhor (Jn 3,3). Entra na cidade e proclama a conversão, antes apontando uma possível destruição da mesma, caso não houvesse conversão. E todos se convertem desde o rei até aos mais pequeninos, fazendo penitência, através de jejuns e roupas de saco. O texto nos revela que vendo Deus as suas obras de conversão e que os ninivitas se afastaram do mau caminho, compadeceu-se e suspendeu o mal que tinha ameaçado fazer-lhes (Jn 3, 10)

O refrão do salmo nos conclama a rezar, “Mostrai-me o Senhor vossos caminhos Vossa verdade, me oriente e me conduza”. Este salmo 24 (25) pede a Deus que ele se recorde da sua ternura e compaixão e misericórdia; Ele reconduz os pecadores ao bom caminho, dirige os humildes na justiça e ensina aos pobres o seu caminho. Daí se depreende que a misericórdia divina, que perdoa e restaura, supõe de nossa parte as atitudes de humildade (que reconhece o nosso estado de pecadores) e pobreza (que se coloca em atitude de receptividade do perdão de Deus). Foi o que aconteceu com os ninivitas porque tiveram atitudes de humildade e pobreza (pobreza no sentido profundo de desapego aos bens materiais) recebem o perdão de Deus.

Jesus no evangelho (Mc 1,14-29) inicia sua missão com conclamação a conversão, “o tempo já se completou e o reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15). Simultaneamente, ele convoca seus primeiros apóstolos, que eram pescadores. E Ele da-lhes uma nova atividade, “Siga-me e Eu farei de vos pescadores de homens” (Mc 1, 17). E eles deixaram as redes e seguiram a Jesus. Portanto a conversão, aqui aponta para um outro fator, alem de deixar o pecado, também temos que deixar uma vida presa aos limites da terra, para seguir a Jesus. Certamente, esse chamado para um seguimento total a Jesus é para alguns. Mas a todos há a ordem de seguir ao mestre nos valores de seu Reino, que implicam na humildade, pobreza de coração, amor a Deus e ao próximo. E ver a meta derradeira não confirmada aqui na terra, mas na vida eterna no céu.

Paulo na segunda leitura (1Cor7, 29-31), aponta para outra dimensão da conversão; a da urgência. Pois o tempo está abreviado, então doravante, os que têm mulher, vivam como se não tivessem mulher, e os que choram, como se não chorassem; e os que estão alegres, como se não tivessem alegres; os que fazem compras, como se não possuíssem coisa alguma; e as que usam do mundo, como se dele não estivessem gozando. Pois a figura deste mundo passa (1Cor7, 29-31, citado acima). São Paulo mostra que tudo está em direção a eternidade e que tudo deve ser vivido em despego. Essa atitude de desprendimento é urgente, pois nosso tempo aqui na terra é muito curto. Não significa que devamos fugir do mundo, mas estarmos nele e usá-lo sem nos apegarmos a nada.

Em síntese, a acolhida do Reino de Deus implica na conversão, de uma vida orgulhosa para uma vivencia de humildade (que nos faz colocar Deus no centro da nossa existência); de uma situação de busca de segurança nos bens materiais para colocar a salvação nos bens espirituais (amor, oração, leitura da Palavra de Deus, caridade objetiva, etc.) de uma acomodação ao lazer, ao fazer e ao diverti-se para uma atitude de absolvição apenas no que nos projeta a eternidade feliz.

Mons. José Geraldo da Silva Pinto Souza – Pároco

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

HOMILIA DO IIº DOMINGO DO TEMPO COMUM



Jesus chama seus primeiros apóstolos. E São João Batista é quem facilita a audição desse chamado quando apresenta dois de seus discípulos a Jesus, exclamando para estes e apontando para Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1, 35-36). E o texto deste evangelho nos dia que “ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus” (v 37). E Jesus os interroga: “O que estais procurando?” Eles respondem: “Rabi (que quer dizer: Mestre), onde moras?” (v 39). Jesus respondeu: “Vinde ver”. E permaneceram com ele. (ibidem). Daí, o chamado do Senhor implica em: ouvi-lo, segui-lo e permanecer com Ele. Um dos dois que deixaram João Batista e passaram a seguir Jesus era André, irmão de Pedro, e este é conduzido a Jesus pelo irmão. André declara a sua profissão de fé: “Encontramos o Messias” (v 41). Simão passa a ter o nome de Pedro, mudança feita por Jesus significando a nova missão: “serás chamado Cefas” (= Pedro, Pedra). Em termos gerais todo encontro com Jesus deve levar a uma transformação para melhor.

Na primeira leitura temos o menino ainda, Samuel, que tem uma experiência de Deus que o clama por três vezes, durante o sono, à noite. Samuel pensava que era o sacerdote Eli que o estava chamando e foi três vezes ao encontro deste que lhe diz: “não o estou chamando”. Daí percebe que era Deus e diz a Samuel, diga: “Fala senhor, que teu servo escuta” (1 Sm 3, 9). Era a quarta vez e desta, Deus ao ser ouvido por Samuel, lhe revela Suas palavras. O texto diz que “Samuel crescia e o Senhor estava com ele. E não deixava cair por terra (não ouvia em vão, mas acolhia a voz de Deus) nenhuma de Suas palavras” ( 1 Sm 3, 19). Portanto, ouvir a voz de Deus, acolhê-la e praticá-la.

O Salmo 39 (40) tem como refrão: “Eu disse: Eis que venho, Senhor! Com prazer faço a vossa vontade”. Na quadra segunda, Deus diz que não queria mais sacrifício e oblação, demonstrando que Ele quer centralmente que façamos a Sua vontade. Os sacrifícios são válidos se estiverem acompanhados da prática da vontade de Deus. E anunciar as boas novas da justiça de Deus: “Vós sabeis: não fechei os meus lábios!” (quarta quadra do salmo). Daí, estar atento a ouvir a Deus, acolher o que Ele, fala permanecer nessa escuta-recepção e proclamar o que Deus quer.

A segunda leitura (1 Cor 6, 13 - 15. 17 – 20) fala da sacralidade do nosso corpo, que é templo do Espírito Santo. Tal realidade deve nos conduzir a uma vida sem imoralidade, mas cultivando a castidade e a pureza. Paulo nos recorda que pertencemos ao Senhor (v 19), razão pela qual não podemos fazer de nosso corpo instrumento do pecado. “Fomos comprados por preço muito alto” (v 20). Esse preço é o Sangue de Jesus derramado na Cruz para nos salvar. E, então, glorificar a Deus com nossos corpos numa vida pura e santa (ibidem). Ainda outro fato que nos interpela à pureza do corpo: “o senhor nos ressuscitará pelo Seu poder” (v 14). Se, somos direcionados a ir para o céu em corpo e alma, com a ressurreição de nosso corpo (no Juízo Final), então não podemos rebaixar nossa realidade corporal as coisas mundanas.

Em conclusão: ouvir a Deus, segui-Lo, permanecer com Ele, proclamar a Sua Boa-Nova, tendo uma vida pura no coração e na alma. A missão cristã é deixar que Deus nos salve e facilitar para que todos também se abram ao amor salvífico de Deus.


Mons. José Geraldo da Silva Pinto Souza – Pároco.