quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

HOMILIA 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM



O profeta Jonas é enviado a Nínive cidade pagã cheia de pecado, para convidá-la a conversão. Deus é o Deus misericordioso, e com esse envio, mostra que quer a salvação de todos. Num primeiro momento, o profeta foge do que Deus lhe ordenara, mas depois retoma o envio de Deus. Jonas pos-se a caminho de Nínive, conforme a ordem do Senhor (Jn 3,3). Entra na cidade e proclama a conversão, antes apontando uma possível destruição da mesma, caso não houvesse conversão. E todos se convertem desde o rei até aos mais pequeninos, fazendo penitência, através de jejuns e roupas de saco. O texto nos revela que vendo Deus as suas obras de conversão e que os ninivitas se afastaram do mau caminho, compadeceu-se e suspendeu o mal que tinha ameaçado fazer-lhes (Jn 3, 10)

O refrão do salmo nos conclama a rezar, “Mostrai-me o Senhor vossos caminhos Vossa verdade, me oriente e me conduza”. Este salmo 24 (25) pede a Deus que ele se recorde da sua ternura e compaixão e misericórdia; Ele reconduz os pecadores ao bom caminho, dirige os humildes na justiça e ensina aos pobres o seu caminho. Daí se depreende que a misericórdia divina, que perdoa e restaura, supõe de nossa parte as atitudes de humildade (que reconhece o nosso estado de pecadores) e pobreza (que se coloca em atitude de receptividade do perdão de Deus). Foi o que aconteceu com os ninivitas porque tiveram atitudes de humildade e pobreza (pobreza no sentido profundo de desapego aos bens materiais) recebem o perdão de Deus.

Jesus no evangelho (Mc 1,14-29) inicia sua missão com conclamação a conversão, “o tempo já se completou e o reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15). Simultaneamente, ele convoca seus primeiros apóstolos, que eram pescadores. E Ele da-lhes uma nova atividade, “Siga-me e Eu farei de vos pescadores de homens” (Mc 1, 17). E eles deixaram as redes e seguiram a Jesus. Portanto a conversão, aqui aponta para um outro fator, alem de deixar o pecado, também temos que deixar uma vida presa aos limites da terra, para seguir a Jesus. Certamente, esse chamado para um seguimento total a Jesus é para alguns. Mas a todos há a ordem de seguir ao mestre nos valores de seu Reino, que implicam na humildade, pobreza de coração, amor a Deus e ao próximo. E ver a meta derradeira não confirmada aqui na terra, mas na vida eterna no céu.

Paulo na segunda leitura (1Cor7, 29-31), aponta para outra dimensão da conversão; a da urgência. Pois o tempo está abreviado, então doravante, os que têm mulher, vivam como se não tivessem mulher, e os que choram, como se não chorassem; e os que estão alegres, como se não tivessem alegres; os que fazem compras, como se não possuíssem coisa alguma; e as que usam do mundo, como se dele não estivessem gozando. Pois a figura deste mundo passa (1Cor7, 29-31, citado acima). São Paulo mostra que tudo está em direção a eternidade e que tudo deve ser vivido em despego. Essa atitude de desprendimento é urgente, pois nosso tempo aqui na terra é muito curto. Não significa que devamos fugir do mundo, mas estarmos nele e usá-lo sem nos apegarmos a nada.

Em síntese, a acolhida do Reino de Deus implica na conversão, de uma vida orgulhosa para uma vivencia de humildade (que nos faz colocar Deus no centro da nossa existência); de uma situação de busca de segurança nos bens materiais para colocar a salvação nos bens espirituais (amor, oração, leitura da Palavra de Deus, caridade objetiva, etc.) de uma acomodação ao lazer, ao fazer e ao diverti-se para uma atitude de absolvição apenas no que nos projeta a eternidade feliz.

Mons. José Geraldo da Silva Pinto Souza – Pároco

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