sábado, 12 de janeiro de 2013

O batismo de Jesus




A solenidade do batismo é a primeira solenidade do Senhor no Tempo Comum. Os sinóticos coincidem em afirmar que o batismo é a ocasião da investidura messiânica de Jesus. Quanto à extensão, os relatos diferem entre si: o de Marcos é o mais breve, o de Mateus o mais longo. Há, ainda, entre eles, diferenças de detalhes importantes. Dada a exiguidade do espaço, fica para o leitor o apaixonante exercício do estudo comparativo entre os três evangelhos. Normalmente, dizemos que o gênero literário é a "visão interpretativa". Fixemo-nos, agora, em Lucas. Um dado interessante é que, no terceiro evangelho, a cena do batismo de Jesus é apresentada depois da prisão de João. Talvez Lucas queira distinguir o tempo de João do tempo de Jesus. Distinção que ele faz em 16,16: "A Lei e os Profetas vão até João. Daí em diante é anunciada a Boa-Nova do Reino de Deus.". A cena do batismo é precedida da pregação de João Batista que, em coerência com a teologia lucana dos evangelhos da infância, afirma que ele não é o Messias. Ele batiza com água, mas o Messias, que vem depois dele, "batizará com o Espírito Santo e com fogo" (v. 26). O que purifica é a presença do Espírito do qual Jesus é portador. O céu se abre! O céu pode se abrir? Na linguagem simbólica, o céu se abre para que desça o que é celeste. É na oração de Jesus que o céu se abre, isto é, na oração de Jesus é que se dá uma verdadeira comunicação entre o céu e a terra. E o Espírito Santo, do qual Jesus é revestido para a sua missão, faz com que a terra não seja estranha ao céu, e o céu ilumine o que é da terra. Há, ainda, um outro detalhe a ser considerado, próprio a Lucas: "o Espírito Santo desceu sobre ele, em forma corpórea." (v. 22). Para Lucas, a expressão "em forma corpórea" significa que o Espírito Santo não é considerado uma realidade invisível ou intangível. Ele pode ser tocado e visto na pessoa de Jesus. O sentido do que foi narrado é dado pela voz celeste, que evoca o Sl 2,7: "Tu és o meu filho amado, em ti eu me agrado". Esse Salmo evoca o triunfo do Ressuscitado e afirma a filiação divina de Jesus.
 
Carlos Alberto Contieri, SJ

FONTE: http://www.paulinas.org.br

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