domingo, 27 de janeiro de 2013
O inicio do anúncio da boa nova ao pobres
Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: “O tempo se cumpriu e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”.
São Marcos registra o início do ministério de Jesus com um fato histórico-temporal, no qual, depois de João ter sido preso, o versículo 13 terminou dizendo que Jesus foi tentado por Satanás, foi servido pelos anjos e não diz mais nada.
O Evangelho de Lucas, de maneira exclusiva, apresenta esta cena, na sinagoga de Nazaré, como sendo a fala inaugural e programática de Jesus, em seu ministério. Ao mencionar que Jesus ensinava “nas sinagogas deles”, Lucas sugere que o Senhor não se identificava com eles.
A Bíblia registra que, antes da primeira época no ministério na Galileia, Jesus ministrou em Jerusalém e na Judeia (Jo 1,19-3,36).
Cristo faz uma escolha em Seu ministério, Ele deixa Jerusalém e a região da Judeia, que era o centro político-religioso de Israel, e passa a ministrar na Galileia, região pobre e esquecida. Jesus fez a “opção Galileia”, deixa os grandes centros de poder e influência, e realiza Sua obra entre os marginalizados e esquecidos da região mais pobre da Palestina.
Portanto, as narrativas de milagres de Jesus, ao longo de seu ministério, são a expressão deste programa inaugural. É a prática libertadora dos oprimidos e excluídos, carentes e doentes, restaurando-lhes a dignidade e a vida, integrando-os na vida comunitária e social.
Como cristãos e cristãs, somos chamados a ser continuadores deste programa, pois Ele nos convidou a segui-Lo: “Se alguém quiser seguir-me, pegue a sua cruz todos os dias e siga-me”.
Padre Bantu Mendonça
http://blog.cancaonova.com/homilia/2013/01/27/
sábado, 19 de janeiro de 2013
O princípio dos "sinais" de Jesus
O capítulo 62 do profeta Isaías faz parte do que se convencionou
chamar, na exegese, trito-Isaías. Escrito no período pós-exílico, o texto
apresenta a cidade como esposa, depositária de uma promessa de salvação. O
evangelho de João deste domingo está situado na parte do quarto evangelho
denominada "livro dos sinais". O nosso relato é, no dizer do
narrador, o "princípio" dos sinais (v. 11), o que nos leva a
compreender que o sinal de Caná é um evento fundador. Trata-se de uma narração simbólica:
ela torna presente algo diferente do que é imediatamente dito e que lhe serve
de expressão. Aqui, o símbolo é mais importante que a materialidade dos fatos.
O tema geral é o cumprimento por Jesus da promessa do Antigo Testamento de
abundância de vinho nos tempos messiânicos (Gn 49,10-11; Am 9,13-14). Jesus e
seus discípulos são convidados para uma festa de casamento. A mãe de Jesus
também estava lá. Falar de festa de bodas é evocar não só a Aliança passada
(Noé, Abraão, Moisés), mas a nova, em Jesus, de cuja plenitude todos receberam
graça no lugar de graça (cf. Jo 1,16). A festa humana das bodas serve na
tradição bíblica de metáfora para a Aliança de Deus com o seu povo (Os 2,18-21;
Ez 16,8; Is 62,3-5). O vinho é dom de Deus para a alegria das pessoas, e sinal
de prosperidade (Sl 104[103],15; cf. Jz 9,13; Eclo 31,27-28; Zc 10,7). É por
essa razão que ele será abundante nas "bodas escatológicas" (Am 9,13;
Is 25,6). Em Caná, o vinho oferecido por Jesus é superior ao vinho servido
primeiro. Graças à ação de Jesus, a Aliança atinge a perfeição. Por trás das
palavras da mãe de Jesus está Israel, que confia na intervenção divina, espera
e vê a promessa de salvação realizada. O termo "mulher" evoca Sião,
representada na Bíblia com traços de uma mulher, de uma mãe (Is 49,20-22; 54,1;
66,7-11; Jo 16,21). Como em nosso relato a noiva não aparece, é a mãe de Jesus
que representa Sião, cujo esposo é Deus. Em razão de sua cor, o vinho era tido
como o sangue da vinha. Daí ele ter se tornado, como o sangue, símbolo da vida.
"Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância", diz o
Senhor (Jo 10,10). A nós, a tarefa de distribuir este vinho da alegria e de
oferecer esta vida que é dom.
Carlos Alberto Contieri, sj
FONTE: http://www.paulinas.org.br
.
sábado, 12 de janeiro de 2013
O batismo de Jesus
A
solenidade do batismo é a primeira solenidade do Senhor no Tempo Comum. Os
sinóticos coincidem em afirmar que o batismo é a ocasião da investidura
messiânica de Jesus. Quanto à extensão, os relatos diferem entre si: o de
Marcos é o mais breve, o de Mateus o mais longo. Há, ainda, entre eles,
diferenças de detalhes importantes. Dada a exiguidade do espaço, fica para o
leitor o apaixonante exercício do estudo comparativo entre os três evangelhos.
Normalmente, dizemos que o gênero literário é a "visão interpretativa".
Fixemo-nos, agora, em Lucas. Um dado interessante é que, no terceiro evangelho,
a cena do batismo de Jesus é apresentada depois da prisão de João. Talvez Lucas
queira distinguir o tempo de João do tempo de Jesus. Distinção que ele faz em 16,16:
"A Lei e os Profetas vão até João. Daí em diante é anunciada a Boa-Nova do
Reino de Deus.". A cena do batismo é precedida da pregação de João Batista
que, em coerência com a teologia lucana dos evangelhos da infância, afirma que
ele não é o Messias. Ele batiza com água, mas o Messias, que vem depois dele,
"batizará com o Espírito Santo e com fogo" (v. 26). O que purifica é
a presença do Espírito do qual Jesus é portador. O céu se abre! O céu pode se
abrir? Na linguagem simbólica, o céu se abre para que desça o que é celeste. É
na oração de Jesus que o céu se abre, isto é, na oração de Jesus é que se dá
uma verdadeira comunicação entre o céu e a terra. E o Espírito Santo, do qual
Jesus é revestido para a sua missão, faz com que a terra não seja estranha ao céu,
e o céu ilumine o que é da terra. Há, ainda, um outro detalhe a ser
considerado, próprio a Lucas: "o Espírito Santo desceu sobre ele, em forma
corpórea." (v. 22). Para Lucas, a expressão "em forma corpórea"
significa que o Espírito Santo não é considerado uma realidade invisível ou
intangível. Ele pode ser tocado e visto na pessoa de Jesus. O sentido do que
foi narrado é dado pela voz celeste, que evoca o Sl 2,7: "Tu és o meu
filho amado, em ti eu me agrado". Esse Salmo evoca o triunfo do Ressuscitado
e afirma a filiação divina de Jesus.
Carlos Alberto Contieri, SJ
FONTE: http://www.paulinas.org.br
sábado, 5 de janeiro de 2013
Universalidade da salvação
Com o domingo da Epifania termina o tempo do Natal. A solenidade
da Epifania do Senhor é a festa da universalidade da salvação oferecida como
dom de Deus a toda a humanidade. Desde todo o sempre Deus quis que todos os
povos fossem iluminados. Na vigília do Natal, nós já tínhamos ouvido: "O
povo que andava nas trevas viu uma grande luz. Sobre aqueles que habitavam a
terra da sombra uma luz resplandeceu". O texto de Isaías deste domingo é
ainda mais claro: "As nações caminharão à tua luz, os reis, ao brilho do
teu esplendor" (Is 60, 3). A cada uma das nações da terra é dirigido este
apelo: "Deixa-te iluminar". Todos, judeus e pagãos, são beneficiários
da mesma promessa, herdeiros da mesma riqueza da graça de Deus, em Cristo Jesus.
No Verbo encarnado todas as fronteiras são rompidas e Deus visita todas as
pessoas indistintamente. O texto de Nm 24,17 é portador da seguinte profecia:
um dia "se levantará de Jacó uma estrela". Essa profecia, os judeus
do primeiro século da nossa era aplicavam à vinda do Messias. Os magos, símbolo
das "nações", vindos do Oriente para adorarem o Senhor, trazem os
seus presentes, isto é, fazem sua profissão de fé naquele que, por amor de
Deus, assumiu a nossa humanidade. Os presentes oferecidos afirmam simbolicamente
a divindade, a realeza e o sacerdócio do menino nascido em Belém. De todos nós
que nos reunimos para celebrar a solenidade da Epifania do Senhor é exigido o
engajamento próprio da fé. O presente a ser oferecido Àquele que assumiu a
nossa humanidade é a nossa própria vida, ela mesma dom de Deus. É este
engajamento que nos faz sentir a "grande alegria" anunciada aos
pastores (Lc 2,10) e que os magos puderam experimentar (cf. Mt 2,10), alegria
da salvação, alegria de Deus que nenhuma situação da existência humana pode
tirar nem ninguém subtrair.
Carlos Alberto Contieri, SJ
FONTE: http://www.paulinas.org.br
Assinar:
Postagens (Atom)