sexta-feira, 24 de agosto de 2012
O Espírito é que dá a vida
No dia seguinte à
partilha dos pães com a multidão na montanha, dirigindo-se àqueles que vinham a
ele, Jesus propõe, a partir da imagem do maná do deserto, que trabalhem,
"não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece para a
vida eterna" (Jo 6,27). É a rejeição do empenho em acumular bens e
riquezas neste mundo, mas trabalhar nas obras do Pai, que são a promoção da
vida. A seguir, Jesus se proclama como o pão descido do céu, dado como alimento
para a vida do mundo, completando com a declaração: "Quem come deste pão
viverá eternamente". Tal proclamação, que revela a origem divina de Jesus,
provoca incompreensão e murmurações entre os judeus (Jo 6,41.52).
Agora, são os próprios discípulos que, também, murmuram por causa destas
palavras. Estes são os que esperam de Jesus sinais de poder e são insensíveis
aos seus sinais de amor e compaixão. Nos quatro evangelhos é frequente a
referência à incompreensão dos discípulos em relação à missão de Jesus.
João, no seu evangelho, narra, então, o diálogo de Jesus com os discípulos e
com Pedro, concluindo o longo discurso que tem como tema o pão da vida eterna.
Jesus lhes afirma: "O Espírito é que dá a vida. A carne para nada serve.
As palavras que vos falei são espírito e vida".
No prólogo do evangelho de João, temos o anúncio de que "o Verbo se fez
carne e habitou entre nós" (Jo 1,14). A encarnação é grandiosa na
revelação da carne unida perfeitamente ao Espírito de Deus, em Jesus. E é o
Espírito que dá a vida que vem do Pai e leva ao Pai. A comunhão com a vida
neste mundo é a comunhão com o Espírito, na vida eterna de Deus. As palavras de
Jesus "são Espírito e são vida". Ir a Jesus, por dom do Pai, é viver
o amor e a unidade em todas as situações de nossa vida, em comunhão com todos,
principalmente com os mais fracos e excluídos, conscientes de que somos todos
membros do corpo de Cristo (cf. segunda leitura).
Contrastando com aqueles que abandonaram Jesus, temos a expressiva confissão de
fé de Pedro, que se torna uma oração para nós: "A quem iremos, Senhor: Tu
tens palavras de vida eterna...".
Na primeira leitura temos a proclamação da fidelidade das tribos de Israel, sob
o comando de Josué, em servir o Senhor. Contudo, na ideologia do Primeiro
Testamento, a proteção divina se manifesta em expulsar os povos que ocupavam a
"terra prometida", para que esta seja ocupada pelo "povo
eleito".
José Raimundo Oliva
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