quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

HOMILIA DA SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA



               Esta grande festa de Maria Santíssima aponta para o singular privilégio da Mãe de Deus, de ter sido desde o primeiro instante de sua existência, preservada do pecado original. Esse privilégio foi dado a Maria em vista da Redenção operada com a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Isto é, ela foi redimida por Jesus também, de um modo todo especial para que pudesse ser a digna Mãe de Deus. Ou seja, ela foi redimida no momento de sua concepção (ou Conceição) em vista dos méritos de Cristo para a honra d’Ele: para que pudesse ter uma Mãe perfeita e Ele como homem, recebesse a natureza humana toda perfeita. É o que vemos na oração inicial.

                A antífona da entrada (de Is 61, 10) mostra que a justificação de Israel (e também da Igreja – o Novo Israel), recai sobre a predileta Filha de Sião (de Jerusalém) de modo pleno: “pois Deus me vestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas jóias”. Assim, Nossa Senhora é revestida de graça e graça plena como o arcanjo Saõ Gabriel a saudou: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1,28), como está no Evangelho de hoje (Lc 1, 26-38). Notemos que o anjo não diz o nome de Maria, dizendo: “Alegra-te, cheia de graça”.  Isto é, o nome de Maria é substituído pela expressão “cheia de graça”. E como na Bíblia o nome significa o ser da pessoa (por exemplo: Yahveh, o nome de Deus quer dizer “Aquele que é”, Deus é o ser que é por Si mesmo, que é presente para salvar, logo o nome de Maria, a cheia de graça, significa realmente que ela é plena da graça. Não como um adjetivo, não como uma qualidade externa, mas cheia de graça transbordante.

                Nossa Senhora, ao anúncio do anjo, depois de haver recebido a explicação dele, de como seria Virgem e Mãe, por obra do Espírito Santo, dá o seu sim generoso a Deus: “Eis aqui a seva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Por isto, vários Santos Padres (os grandes escritores da Igreja, logo após os apóstolos), colocavam Maria como a Nova Eva. Com efeito, Eva deu um não a Deus, e desse não, veio a morte sobre todos nós. Em contra partida, Maria dá o sim a Deus, e d’Ela vem a vida, que é Jesus. Se Ela é a Nova Eva, foi restaurada a humanidade, como nova em Maria, por graça de Deus e ela colaborou para que assumamos essa nova criação, que vem de Deus, mas deve ser acolhida e vivida por todos nós.

                Na primeira leitura (Gn 3,9-15. 20) vimos a queda de Adão e Eva, no paraíso, através da tentação do demônio, simbolizando numa serpente. Mas Deus promete o Salvador que viria da mulher (certamente não de Eva) mas de outra mulher que esmagaria a cabeça da serpente junto com a sua descendência. Quem é esta Nova Mulher? É Maria Santíssima, certamente, e a descendência dela é Jesus que vence o demônio com Sua Paixão Redentora, dando o sim ao Pai desde a Encarnação, como também na agonia no jardim das oliveiras, e finalmente na Cruz. Maria, ao dar o sim a Deus, na Anunciação do anjo, deu um não ao demônio. E nos ensina a darmos sempre o sim a deus e o não ao demônio.

                Na segunda leitura (Ef 1, 3-6. 11-12) São Paulo aponta para o mistério da predestinação. E entendamos: Deus só faz predestinação positiva, isto é, para a glória do céu. Os condenados não foram (e não serão predestinados ao inferno), mas caem na condenação por própria culpa. Maria Santíssima é predestinada a ser Mãe do Redentor Jesus. Por isto o Pai a escolheu, a amou, a preparou, a justificou lá na eternidade. Nós também devemos nos sentir predestinados à glória do céu (Ef 1, 11-12) não por nossos méritos, mas pelos méritos de Jesus. Nossos méritos serão obtidos após a justificação pela graça, quando somos fiéis à mesma, como Nossa Senhora o foi.

                A Imaculada Conceição de Maria nos convida a vencermos o pecado, pela força da graça, como ela o fez. Posicionarmos na descendência dela, seguindo Jesus o Grande descendente de Maria. Ter em Maria, portanto, a nossa mãe espiritual que, além de rogar por nós junto de Jesus, ela é nosso modelo de fidelidade a Cristo. E amá-la. Como deixar de amar a Maria a quem Jesus mais amou, após Seu a amor ao Pai Eterno? E louvá-la como o anjo a louvou: “ Alegra-te, cheia de graça, o Senhor é contigo”.

Mons. José Geraldo da Silva Pinto Souza – Pároco

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