sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

HOMILIA DO IIº DOMINGO DO ADVENTO


                O Advento significa chegada. A chegada do Salvador que veio, vem e virá. E nossa postura em face desse tempo litúrgico é o da espera. Por isto, na palavra Advento se mesclam duas atitudes básicas: nos esperamos a chegada do Senhor. Chegada e espera. Por isto, já a antífona da entrada, versículo bíblico que introduz a missa do dia, há a conclamação a essa esperança: “Povo de Sião, o Senhor vem para salvar as nações! E, na alegria do vosso coração, soará majestosa a sua voz” (Is 30, 19.30). A oração inicial da Santa Missa aponta o nosso correr ao encontro do Filho de Deus para participarmos da plenitude de Sua vida. Portanto, a chegada do Senhor, em nosso tempo presente, nos faz esperá-lo indo ao Seu encontro. Não é, então, uma espera passiva, mas participativa.

                Na primeira leitura (Is 40, 1-5. 9-11) o profeta, falando em nome de Deus, diz-nos: “Consolai o meu povo, falai ao coração de Jerusalém e dizei que sua servidão acabou e a expiação de suas culpas foi cumprida” (Is 40, 1-2). Assim, nesse tempo de espera do Senhor, a Igreja é chamada a consolar o povo e comunicar o perdão de Deus. Razão pela qual o tempo do Advento é ocasião de renovação espiritual, de busca de perdão, de fazermos uma santa confissão sacramental. Ao mesmo tempo somos conclamados “a preparar o caminho do Senhor, aplainando a estrada, nivelando-se os vales, rebaixando os montes e colinas, endireitando o que é torto, alisando-se o que é áspero” (Is 40, 3-4). É o que prega São João Batista no Evangelho de hoje (Mc 1, 2-3).

                Nesse afã de consolar o povo, a ordem de Deus é “suba a um alto monte, levanta com força a tua voz, não temas, dize as cidades de Judá: ‘Eis o Vosso Deus, eis que o Senhor Deus vem com poder” (Is 40, 9b-10). É uma proclamação de boa-nova, de anúncio da boa notícia: Deus está chegando para salvar. E vem “como pastor que apascenta o rebanho, reúne com a força dos braços os cordeiros e carrega-os ao colo” (Is 40, 11). Assim, o Advento é tempo de alegria pela proximidade de Deus, que vem de modo novo neste Santo Natal. O canto do aleluia está presente em nossas celebrações destacando o clima de alegria pela chegada próxima do Senhor.

                João Batista preparou a chegada pública de Jesus com o batismo de conversão para o perdão dos pecados (Mc 1, 4). E João mostra em si, através de suas vestes rudes o preparar-se para acolher o Salvador: simplicidade, pobreza de coração, autenticidade. O Salvador apontado por João é “mais forte que ele, para o qual João Batista não é digno de desamarrar Suas sandálias” (Mc 1, 7). Ou seja, Jesus traz a salvação completa para a qual João foi o pregador. Ainda hoje temos que reunir em nós a realidade de João Batista (preparar a chegada do Senhor em nós mesmos e nos outros), e ao mesmo tempo vivenciar já o nosso ser cristão já tocado pelo Senhor que nos batizou no Espírito Santo (Is 40, 8).

                O Sl 84 (85) tem como refrão: “Mostrai-nos ó Senhor, Vossa bondade e a Vossa salvação nos concedei”. A salvação já recebida tem que ser retomada, reassumida, revivida. O salmo nos mostra que “é a paz que Ele vai anunciar, a paz para o seu povo e sues amigos, para os que voltam ao Senhor seu coração”. E nos diz o mesmo salmo que “está perto a salvação dos que O temem”; razão pela qual entendemos que o Messias vem com a paz que só Ele pode conceder. Paz que se associa à justiça: “a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão” Daí, que a salvação inclui a justiça e a paz.

                A segunda leitura (2 Pd 3, 8-14) revela que a promessa de Sua segunda vinda não está sendo adiada, mas o Senhor usa de paciência para conosco, pois “ não deseja que alguém se perca, mas que todos venham a converter-se” (2 Pd 3, 9). A nossa resposta a essa paciência de Deus é ter o empenho para uma santa e piedosa (2 Pd 3, 11). E retorna a espera de um novo céu e uma nova terra onde habitará a justiça ( 2 Pd 3, 13). Daí “o esforço nosso para que Ele nos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz” (2 Pd 3, 14)

                 Em conclusão, a nossa espera pelo Senhor que vem é uma vida de conversão, de esforço pela paz e pela justiça, como também por santidade e piedade. Aguardar o Senhor ativamente para apresentar-lhe o nosso coração aberto a Ele , desimpedido, com a via de acesso livre.

                Como estamos nos preparando para o Natal do Senhor e para a Sua segunda vinda gloriosa?

Mons. José Geraldo da Silva Pinto Souza – Pároco.


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