quinta-feira, 29 de setembro de 2011

HOMILIA DO 27º DOMINGO DO TEMPO COMUM


                Deus planta a sua vinha, que somos todos nós, com todo amor, num outeiro fértil, ou seja, em circunstâncias favoráveis à boa frutificação. Ele tira as pedras do terreno que significa o preparo do mesmo para favorecer a vinha. E esta com mudas escolhidas, com origem também predisposta a dar bons frutos. Protegem a vinha com uma torre no meio (para vigilância), e edificou nela um lagar (uma área para se colocar a colheita e produzir vinho). Mas a vinha não produziu uvas boas, só agrestes. Também conosco pode acontecer isto: com toda a ajuda de Deus, não frutificarmos com bons frutos.

                A justiça de Deus pode vir para retificar a situação da vinha, com correção do erro e da injustiça. Por que não houve a frutificação? - A decisão de não se curvar as iniciativas de Deus, a não-colaboração com o plano de salvação divina. Até aqui as bases da primeira leitura (Is 5, 1-7). No Evangelho (Mt 21, 33-43) aparece outro fator da não frutificação, como resposta negativa ao Senhor da vinha: a desonestidade dos operários da plantação que não dão ao dono o que lhe é de direito, isto é, quando trabalhamos na seara do Senhor e queremos ser donos dela, não projetando a glória de Deus, mas a nossa. Aqui a justiça divina retificadora é exercida para com os trabalhadores desonestos.

                O refrão do salmo responsorial (Sl 79/80) é: “A vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel” (tirada de Is 5, 7a). Hoje somos a nova Israel, a Igreja. Somos essa vinha, arrancada por libertação do Egito, que hoje significa o pecado, as trevas, as opressões e as injustiças. Mas atacada pelo javali (símbolo do demônio) parece que havia sido abandonada por Deus, mas na realidade, conforme a primeira leitura e o Evangelho, a vinha teve a própria culpa (os maus frutos) bem como os operários que não deram os frutos em retribuição ao Senhor. Mas, o salmista nos convida a suplicar a Deus para que tenha misericórdia (versículos 15, 16 e 20). Que Deus volte a cuidar da vinha, de todos nós, com nova intervenção salvífica.

                A segunda leitura (Fl 4, 6-9) no-lo convida não nos inquietarmos com nada, mas apresenta a Deus as nossas preocupações com orações de súplicas e ação de graças. Portanto, em face da frutificação má, ou da omissão de dar os frutos para a glória de Deus, nossa atitude nunca deve ser de desespero, mas de confiança na misericórdia divina. Ainda há tempo para nos tornarmos vinha produtora de bons frutos e de sermos bons operários que daremos gloria a Deus e não a nós mesmos.

                E a paz de Deus se instalará em nós (Fl 4, 7). Assim como também devemos transformar os nossos pensamentos (e deixar que Deus os faça bons) para que eles comandem ao nossos atos (idem, versículo 8). De fato, o comportamento mau é gerado pelo pensamento igualmente mau. Por isto, visualizar o bom exemplo de São Paulo que nos incentiva a imitá-lo. “O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai” (idem versículo 9). E retorna o fruto da paz: “E o Deus da paz estará convosco” (ibidem).

                Assim, na situação presente, em que clamamos pela paz, em lugar da violência, temos que estar percebendo que só se terá uma sociedade, um mundo e nós mesmos plenos da “harmonia na ordem” (Santo Agostinho), quando este definir a paz, quando passarmos à boa frutificação, à busca da Glória de Deus e a fraternidade dentro da vinha do Senhor. Para tanto, deixar que Deus nos transforme (e pedir-Lhe isto!) e nos faça bons e agentes do bem. Confiar na misericórdia divina que está sempre de braços abertos, para nos receber.

                Iniciamos o mês de outubro, mês das missões. No quadro de nossa reflexão, nossa atitude missionária será dilatarmos a vinha do Senhor (pela evangelização, pelos bons frutos e pela busca da glória de Deus). Em face da Campanha da Fraternidade deste ano, nossa missão inclui a recuperação do meio ambiente, combatendo a poluição e os comportamentos destruidores da natureza, que é criação de deus. A natureza recomposta será também um fator favorável de nossa vida frutificante no bem.

Mons. José Geraldo Pinto de Souza

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