sábado, 10 de setembro de 2011

HOMILIA DO 24 DOMINGO DO TEMPO COMUM


                O domínio do rancor e da raiva, com falta de perdão, deve ser superado. Essa mensagem está na primeira leitura (Eclo 27, 33 – 28, 9) e no evangelho (Mateus 18, 21-35). Vencer a atitude de vingança com o cultivo do perdão generoso, que é uma das sete obras de caridade espiritual (as outras como vimos no domingo anterior são: dar bons conselhos, suportar com paciência as fraquezas do próximo, consolar os tristes, ensinar a verdade aos que a ignoram, corrigir aos que erram e rezar pelos vivos e pelos mortos). Assim, perdoar as injúrias é um dos atos de amor – caridade.

                A primeira leitura promete uma benção a quem perdoa ao próximo: quando orares teus pecados serão perdoados (vs 2). O salmo responsorial enfatiza que Deus perdoa toda culpa e cura toda a tua enfermidade – há doenças provocadas por ressentimentos guardados! E Deus comunica seu perdão com a cura, cheio de carinho e compaixão (quadra 2 do salmo). Certamente, quem quer esse perdão de Deus deve também perdoar e pedir esse dom ao Senhor, porque como diz um adágio popular, “amar é humano e perdoar é divino”. Ou seja, Deus pode e quer capacitar-nos a darmos o perdão. E, certamente, com a prontidão de receber o perdão do próximo.

                O número de conferimento do perdão é não apenas sete vezes (número ilimitado) como Jesus coloca no evangelho (vs 21-22). Portanto, perdão pleno e ilimitado. Para ilustrar esse dar o perdão Jesus conta a parábola do rei que perdoa a uma grande dívida de um de seus  empregados, mas este ao sair não perdoa a dívida de um colega seu e o coloca na prisão. O rei chama aquele que havia perdoado e lhe confere um castigo pela falta de perdão ao irmão (vs 23 ao 34). Desta forma, fica claro que o perdão para ser recebido está ligado ao perdão a ser dado também.

                Deus é misericórdia e perdão a todo o momento. Mas como já vimos, o seu perdão exige que demos o mesmo ao próximo, sem  essa atitude nossa, o Senhor poderá empregar a justiça em relação a nós como a 1ª leitura aponta: “Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados” (vs 1). O mesmo coloca o evangelho: “É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão” (vs 35). Jesus conclui com esta frase após ter terminado a parábola do rei que pune o empregado, quando este não deu o perdão ao seu colega.

                É claro que Deus é amor, todo perdão e misericórdia, e o Papa Bento XVI chega a dizer, na sua primeira encíclica “Deus caritas est”, que o Senhor prefere exercer a misericórdia em vez da justiça. Mas, diante da injustiça não resolvida entre nós, Deus age com justiça corretiva, visando consertar a ordem do amor e da retidão, que havia sido abalada por nosso desamor e injustiça. Mas, no contexto geral da mensagem de hoje, podemos perceber que o Senhor quer primariamente, consertar o mundo com o perdão.

                É por isto que Jesus veio a terra: para comunicar-nos o perdão do Pai. *Ele morre na cruz perdoando: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).* “Pois o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido.” (Lc 19, 10)

                Portanto o perdão é a missão do Filho. Seu próprio nome – Jesus, significa Deus salva. Razão pela qual, todos são chamados a acolher Jesus e Sua ação salvífica, porque “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.” (1 Tm 2, 4) O que nos faz concluir que se alguém se perde eternamente é por própria culpa.

                A salvação do mundo está no perdão, porque suprimirá o ódio e a vingança, sendo estas atitudes geradas de mais males: forma-se um círculo vicioso; um mal que provoca outro mal, e a espiral de violência, vai crescendo. Conforme Deus e a verdade, temos que gerar um círculo virtuoso, ou seja, a partir de um mal, pagar com o bem, e este vai gerar outro bem.

                Em suma, o perdão é ato de caridade e de bondade e se coloca no âmbito da justiça. Esta não exclui a caridade porque a verdadeira justiça visa a restauração do bem.

Mons. José Geraldo Pinto de Souza

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