sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Para seguir Jesus, é preciso um desapego total


Um homem, anônimo, movido por boas intenções, ao que parece, corre ao encontro de Jesus querendo saber o que ele deve fazer para ganhar a vida eterna. Jesus lhe indica por primeiro a via comum, que todo judeu praticante conhece, isto é, cumprir os mandamentos. O homem é uma pessoa de fé, pois ele diz cumprir todos os mandamentos desde a juventude. A resposta dele agrada profundamente Jesus, por isso, se diz que Jesus olhou para ele com amor. Por amor, Jesus propõe a ele algo muito mais difícil, a saber, deixar tudo. Para seguir Jesus, é preciso um desapego total. Mas ao invés de acolher o convite de Jesus, expressão do seu amor e condição para obter o que ele deseja, o homem sai triste porque possuía muitos bens. Jesus é bom, como disse o homem, e ele faz bem todas as coisas. No entanto, Jesus não aceita para si o título de “Bom”; ele o remete a Deus. Se a bondade pode ser experimentada no encontro com Jesus, através de suas palavras e de tudo o que ele faz, é preciso ser remetido, por meio dele, ao Pai, que é a fonte de toda bondade. A absolutização de uma pessoa é um passo da idolatria. A vida eterna que ele deseja é dom e como tal deve ser recebida. Não é merecimento garantido pela prática da Lei nem por qualquer boa obra. Para receber a vida eterna como dom é preciso desapego, pois somente a prática da Lei não é suficiente. Ademais, é no seguimento de Jesus Cristo que se encontra o caminho para a vida eterna (cf. Jo 14,6). Diante da proposta de Jesus, o homem saiu pesaroso. Efetivamente, a riqueza pode constituir um verdadeiro obstáculo para se entrar no Reino de Deus. Não raras vezes, a facilidade dos bens materiais pode se confundir com a vida verdadeira. À objeção dos discípulos, Jesus responde que tudo está remetido à misericórdia de Deus, para quem tudo é possível. Somente Deus pode transformar profundamente a vida do ser humano e lhe dar a alegria de, na fugacidade do tempo, experimentar a vida que Deus dá.
Respondendo a pergunta de Pedro, Jesus afirma que deixando tudo, em razão do chamado ao seu seguimento, é que se tem o cêntuplo. Deixar para ter a plenitude. “Cem vezes mais” não é uma operação matemática; ela simboliza que no seguimento de Jesus Cristo, e para além do tempo de sua vida terrestre, tudo adquire sentido para o discípulo, e tudo ocupa o seu devido lugar. A recompensa do discípulo é o chamado a seguir Jesus e o próprio seguimento, pois ele permite a graça de viver a vida do Senhor. A recompensa não é acerto de contas por algo realizado e merecido. Na vida cristã, a recompensa é dom de Deus. A vida eterna, enquanto dom, é comunhão com o Pai e o Filho (cf. Jo 17,2.3) no Espírito Santo.
Pe. Carlos Alberto Contieri, sj

Fonte: https://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&id=5371
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