domingo, 4 de outubro de 2015

Entrar na dinâmica do olhar divino sobre o ser humano



O nosso texto do evangelho de hoje é um “diálogo didático”, cuja finalidade é instruir os discípulos a se comportarem em conformidade com os ensinamentos de Jesus. A questão posta pelos fariseus a Jesus é mal-intencionada, pois querem colocá-lo à prova e encontrar um motivo para condená-lo à morte. A questão está baseada em Dt 24,1-3. Recorrendo ao projeto original de Deus (Mc 10,6-9; cf. Gn 1,27; 2,24; 5,2), Jesus rejeita uma interpretação em favor do divórcio. Nesse sentido, ele desautoriza a concessão mosaica para esse caso. A incapacidade de perdoar e de reconciliação diz respeito à “dureza do coração” que ameaça o povo de Deus. Jesus põe em pé de igualdade a condição do homem e da mulher. Mas a resposta de Jesus desconcerta os que queriam colocá-lo à prova, pois protege a parte mais frágil em semelhantes casos. Jesus recentra a questão não sobre a ordem jurídica, mas sobre a ordem da criação, sobre o Reino de Deus. Portanto, a questão fundamental é reconciliar tudo com o ideal do Reino de Deus, com o ideal cristão. Trata-se de entrar na dinâmica do olhar divino sobre o ser humano, tal qual pode ser apreendido pelos relatos da criação. Já em casa, algumas pessoas trazem crianças para que Jesus as toque. Toda situação é para Jesus ocasião de ensinar e transmitir algo do Reino de Deus, de sua pessoa e da situação ou condição do discípulo. No tempo de Jesus, as crianças gozavam de respeito e eram bem tratadas. Se tivermos presente os relatos anteriores a este, poderemos notar um contraste entre as crianças levadas a Jesus e a resistência dos discípulos. O papel dos discípulos é conduzir as pessoas a Jesus (cf. Mc 2,1-12), e não impedi-las de se aproximar dele; por isso a indignação de Jesus. A ocasião serviu de oportunidade para Jesus ensinar aos seus discípulos que o Reino de Deus precisa ser acolhido como dom. O Reino de Deus está presente, em primeiro lugar, na pessoa de Jesus; é preciso acolhê-lo como dom do Pai sem opor nenhuma resistência. O exemplo das crianças serve para interpelar os discípulos à abertura generosa ao novo (cf. Mc 2,21-22). As crianças, em geral, são abertas e confiantes. Devemos imitá-las para acolher com simplicidade o Reino de Deus.

Pe. Carlos Alberto Contieri, sj

FONTE: https://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho&id=5367
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