Pe. Carlos Alberto Contieri
domingo, 15 de fevereiro de 2015
Jesus transmite o Espírito Santo que purifica
O livro do Levítico,
cujo trecho nós temos na primeira leitura, dedica dois capítulos à lepra e nos
mostra como os leprosos eram considerados (Lv 13–14). O capítulo 13 revela como
se fazia o diagnóstico das diferentes formas de lepra, e o capítulo 14, a maneira
como se devia fazer a purificação. A situação dos leprosos era particularmente
dura, pois eram considerados impuros, atingidos, feridos e castigados por Deus
e retirados do convívio social. A lepra, mais que uma doença, era considerada,
do ponto de vista religioso, como uma impureza. Por isso, o leproso que se
aproxima de Jesus pede para ser purificado ou, se quiserem, perdoado. No
evangelho, ao leproso que se aproxima, Jesus não se esquiva, nem se preocupa em
ser contaminado com a impureza. Ao contrário, acolhe a sua súplica e a sua
profissão de fé: “se queres, tu tens o poder de purificar-me”. Somente Deus
pode purificar alguém atingido pela lepra. A lepra, como observamos acima, é
compreendida como um castigo anunciador da morte; ela comunica impureza ao
judeu e a todos os de sua casa, mas não ao pagão. Daí o leproso ter de viver
fora do acampamento ou da cidade e gritar declarando sua impureza a fim de que
ninguém se aproximasse dele, como se pode ver no livro do Levítico. A sua
situação é dramática e profundamente humilhante. Para a mentalidade da época,
ele é um desprezado por Deus e pelos homens. Jesus se enche de compaixão pelo
homem que se aproxima dele suplicando. A compaixão é o sentimento divino que
move o mais íntimo da pessoa e a faz agir em benefício do outro. A prontidão de
Jesus em atendê-lo manifesta o desejo divino de que todo ser humano,
purificado, possa experimentar a vida plena na comunhão com o seu Senhor. A
palavra de Jesus é acompanhada pelo gesto com o qual ele toca o leproso. Tocar
um leproso era proibido, pois tinha por consequência se tornar impuro. Jesus
toca o leproso e não é contaminado, não recebe a impureza do leproso, mas
comunica a sua purificação. A atitude de Jesus, tocando o leproso com a mão,
transmite o “Espírito puro”, o Espírito Santo que purifica, que devolve ao ser
humano o brilho original do homem criado à imagem e semelhança de Deus. Ao
sacerdote cabia igualmente constatar a purificação da lepra, por isso, Jesus
envia-lhe aquele que havia sido leproso para que a cura fosse constatada, e
este fosse reintegrado no seio da comunidade de fé. A constatação da cura é o
testemunho da intervenção divina, de que em Jesus habita a vida de Deus.
Purificado, o homem pode proclamar o que Jesus fez por ele.
Pe. Carlos Alberto Contieri
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