Carlos Alberto Contieri, sj
sábado, 12 de abril de 2014
Jesus é o servo obediente de Deus.
Com o domingo de Ramos e da paixão do
Senhor tem início a Semana Santa. Com a primeira e a segunda leituras, a ideia
inicial a se ter presente é que Jesus é o servo obediente de Deus; obediência
que o Senhor aprendeu pelo sofrimento. Toda a vida de Jesus é movida pela
escuta de Deus, escuta que o sustentou ao longo de toda a sua vida; escuta que
fez com que ele não esmorecesse diante da traição, do sofrimento e da morte.
A segunda consideração nos vem do relato da
paixão: Jesus é traído por um dos seus, que partilhou com ele a vida e a fé.
Mas não somente um o traiu; todos os seus discípulos também o fizeram, pois
negar e abandonar é também trair. Não tiveram a coragem de permanecer com o
Senhor que eles diziam amar. Noutro evangelho, Pedro, porta-voz do grupo dos
discípulos, dirá que a palavras de Jesus continham a vida eterna, lhes fazia
experimentar a força da vida de Deus (cf. Jo 6,67-68). Mas naquele momento de
dor não conseguiram permanecer fiéis àquele que era a Palavra encarnada do Pai.
É do interior do próprio grupo dos discípulos que se dá a traição. Que dor pode
ser maior que a traição e o abandono? A espada mais cortante do que a que feriu
a orelha do servo do centurião é a traição, pois essa atinge a confiança, o
coração. Uma terceira consideração é que Jesus é o inocente condenado
injustamente à morte. A inveja é o motivo da condenação e morte de Jesus. A
inveja não é racional; como toda paixão que afeta o coração do ser humano, ela
é irracional. Dominado pela inveja, o ser humano age perversamente buscando
eliminar quem quer que seja. Pilatos, diz o evangelho, sabia da inocência de
Jesus e do motivo sórdido pelo qual ele foi entregue, mas por razões políticas
a sua decisão partilhou da injustiça dos que acusavam e entregaram Jesus à
morte. Na paixão, Jesus permanece praticamente calado. O silêncio do Senhor
denuncia a maldade daqueles que o condenam à morte. O silêncio de Jesus revela
também a sua compreensão de que no desfecho dramático da sua existência terrena
se realiza o desígnio de Deus. O silêncio é sinal de sua entrega nas mãos do
Pai. Jesus sofre, se angustia, mas nem uma coisa nem outra o faz desistir de
realizar a vontade de Deus. Ao contrário, do alto da cruz, ele faz a sua
entrega definitiva: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito”.
Carlos Alberto Contieri, sj
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