Estar longe de Jerusalém, lugar da habitação de Deus, era como estar morto, como perder o sopro de Deus. Por essa razão, Ezequiel utiliza a metáfora da abertura das sepulturas. A distância de Deus fazia o povo experimentar a falta da vida. Por isso, o texto termina com a promessa do sopro de Deus que faz viver.
O sopro de Deus faz viver para além da morte. No centro do texto do evangelho de hoje está a afirmação de Jesus a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida […]”. É pela fé que se participa dessa vida nova, transfigurada. A pergunta que provoca e desafia a fé de Marta e a nossa fé é a seguinte: “Crês nisto?” Marta responde afirmativamente, pois ela é no relato símbolo do discípulo perfeito que põe a sua confiança no Senhor. Diante da morte há duas atitudes possíveis, representadas por Marta e sua irmã Maria: ficar prisioneiro do círculo da morte e do luto (Maria) ou romper com esse círculo pela adesão ao Senhor da vida. Quando Marta ouviu dizer que Jesus estava próximo, saiu correndo ao seu encontro; Maria, no entanto, permaneceu em casa, sentada, mergulhada no luto e na tristeza. A presença do Senhor faz surgir a esperança. Marta que crê na ressurreição de Cristo, na vida que ele dá, será para sua irmã Maria mensageira de um chamado do Senhor que a faz sair do mundo da morte para estar diante daquele que é o Senhor da vida. Para a nossa reflexão, a pergunta que se nos impõe a partir do relato é a seguinte: com qual das duas irmãs você, neste momento, se identifica? Você é portador de que mensagem? Você se identifica com Marta, que rompe o círculo da morte e deposita sua confiança no Senhor, que dele recebe a luz, a vida verdadeira, ou você se identifica com Maria, prisioneira do luto, da morte e da falta de fé?
Carlos Alberto Contieri, sj
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