Carlos Alberto Contieri, sj
sábado, 6 de julho de 2013
O agricultor é Deus
O texto do evangelho deste domingo está
situado no início da subida de Jesus para Jerusalém, que é, no terceiro
evangelho, a parte central, como se pode ver na introdução ao nosso comentário,
no início desta agenda. Setenta ou setenta e dois, dependendo do
manuscrito, é o número dos enviados. Baseando-nos em Gênesis 10, que diz ser
setenta o número das nações que compõem a humanidade, podemos dizer que nossa
perícope diz respeito à universalidade da missão da Igreja, enviada pelo seu
Senhor, “a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir” (v. 1). Trata-se
de colheita (v. 2), pois o agricultor é Deus (cf. Jo 15,1); é Deus quem faz a
boa semente frutificar (cf. Mc 4,26-29). Para esta missão universal é que Jesus
dá as orientações. O conteúdo do anúncio é a proximidade do Reino de Deus;
anúncio que deve ser feito mesmo em situações adversas (cf. vv. 9.11). A
proximidade do Reino de Deus é sentida, em primeiro lugar, na pessoa de Jesus
Cristo, e deve ser prolongada historicamente no anúncio e na ação da Igreja,
Corpo de Cristo. Como o discípulo não é maior que o Mestre, os discípulos
enviados devem ter presente a possibilidade de hostilidade, resistência e
rejeição da missão cristã: “Eis que vos envio como cordeiros para o meio de
lobos” (v. 3; ver também: vv. 10-11). Mas não se paga o mal com o mal, por isso
o discípulo é portador da paz, que é dom do Cristo Ressuscitado: “… dizei
primeiro: a paz esteja nesta casa” (v. 5). Na rejeição, sacudir o pó da
sandália (v. 11), isto é, não se deixar abater pelo fracasso, pois a segurança
e a força vêm do Senhor. “Comer e beber do que tiverem” (vv. 7.8): é preciso
viver cada dia, sem se preocupar com o amanhã. É indispensável se prevenir
contra a tentação do sucesso: “Não passeis de casa em casa” (v. 7). A missão é
urgente, por isso, deve-se fazer escolhas claras (cf. v. 4). A necessidade de
ajuda para o exercício da missão será sempre grande, daí ser indispensável
pedir àquele que a pode suscitar e oferecer: “Pedi ao Senhor da colheita que
mande trabalhadores para a sua colheita” (v. 2). O sucesso pode ser uma
tentação para os discípulos. Sua alegria e recompensa é Deus quem o admite ao
seu serviço (cf. v. 20).
Carlos Alberto Contieri, sj
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