sábado, 1 de junho de 2013
Fé e universalidade da salvação
O trecho do primeiro livro dos Reis é a resposta à questão posta imediatamente
depois do exílio na Babilônia, quando do retorno dos deportados à terra de
Israel. Os que voltam do exílio encontram na terra um “povo mesclado”. A
pergunta é: que atitude adotar quanto aos estrangeiros que habitavam a terra?
Pode-se admitir na sinagoga todos os que o desejam? Se algum estrangeiro se
aproxima do Templo e busca o Deus de Israel, é porque reconhece a sua grandeza.
Deus não rejeitaria a sua oração, pois ele acolhe a todos.
Se Deus assim
procede, convém não fechar as portas a quem quer que seja. O perícope de
Lucas, situada na primeira parte do evangelho, em que a questão é a identidade
de Jesus, vai para a mesma direção. A menção de Cafarnaum já é importante,
pois, simbolicamente, esta cidade, às margens do Lago de Genesaré, abre a
mensagem de Jesus aos pagãos, em face de Nazaré, cidade de Jesus (cf. 4,23).
O
centurião, chefe de cem soldados, é um pagão. A súplica do centurião a Jesus é
por um servo seu, que ele estimava muito (v. 2). Para o centurião, o valor
essencial parece ser a vida do seu servo (cf. v. 3).
Estando a serviço do
império romano, ele é considerado impuro. Mas ele mesmo não se diz impuro, pois
isso é um conceito judaico-religioso; ele diz ser indigno: “Eu não sou digno de
que entres sob o meu teto” (Lc 7, 6).
Ele conhece as normas dos judeus quanto à
pureza, por isso não vai pessoalmente ter com Jesus, mas envia anciãos judeus
para intercederem por ele junto a Jesus. Dizer-se indigno é reconhecer a
autoridade de Jesus. O Senhor acolhe a todos e toma a iniciativa de querer ir à
casa do centurião.
No entanto, o chefe pede que Jesus simplesmente dê uma
ordem, pois é o poder da palavra que importa (cf. vv. 7-8). A fé do centurião
causa uma profunda admiração em Jesus (v. 9). A fé do pagão ultrapassa a
manifestada em Israel. A constatação da cura revela o poder vivificante e
eficaz da palavra do Senhor (cf. v. 10).
Carlos Alberto
Contieri, sj
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