Carlos ALberto Contieri, sj
sábado, 20 de abril de 2013
O pastor dá a vida por suas ovelhas
As palavras de Jesus eram, ao mesmo tempo, sedutoras e
desconcertantes, e causavam divisão entre os judeus: para alguns Jesus era um
endemoninhado e louco, outros tinham dúvida (cf. Jo 10,19-21). O texto do
evangelho deste domingo nos oferece a possibilidade de composição de lugar: era
inverno por ocasião da festa da Dedicação do Templo (1Mc 4,52-59); Jesus está
no Templo, caminhava no Pórtico de Salomão (vv. 22-23). Os judeus querem uma
resposta clara, sem rodeios, à seguinte pergunta: “Até quando nos manterás em
suspense? Se és o Messias, dize-o claramente!” (v. 24). No entanto, nenhuma
resposta seria convincente (ver: Lc 22,68). Lembremo-nos de que para os judeus
a afirmação da messianidade deveria vir acompanhada de gestos espetaculares:
“Que sinal realizas para que creiamos em ti?” (Jo 6,30). Em nenhum dos
evangelhos Jesus diz claramente ser o Messias. Como sói acontecer, Jesus não
irá responder com a clareza pretendida por eles. Ao invés de responder
diretamente à questão, Jesus passa a falar de suas ovelhas (vv. 27-30).
Lembremo-nos de que, em todo o Antigo Testamento, o povo de Israel é comparado
a um rebanho, e Deus a um pastor (ver: Sl 23[22]). As ovelhas que escutam a voz
é que conhecem o Pastor. A afirmação de Jesus referida às suas ovelhas, “eu lhes
dou a vida eterna” (v. 28), estarrece os judeus, pois quem pode dar a vida
eterna, a não ser Deus? Mas é em Jesus que Deus nos faz viver plenamente. As
ovelhas são confiadas a Jesus pelo Pai (v. 29). É nas mãos do Filho e do Pai
que as ovelhas estão. Nas mãos de Deus as ovelhas estão em segurança. Nas mãos
fortes do Filho as ovelhas jamais se perderão. O autor do Deuteronômio diz:
“Todos os santos estão em tua mão” (Dt 33,3). Jesus afirma uma unidade profunda
entre ele e o Pai: “Eu e o Pai somos um” (v. 30). Para quem todo dia recitava o
Shemá Israel, a afirmação de Jesus soava a blasfêmia e escândalo.
Carlos ALberto Contieri, sj
FONTE : http://www.paulinas.org.br
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