Carlos Alberto Contieri,sj
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Promessa de ressurreição
Esse relato da transfiguração está presente,
com pequenas variantes, nos três primeiros evangelhos. O modelo para o relato
de Lucas é o de Marcos. Do ponto de vista literário, o relato é uma prolepse
dos acontecimentos de Jerusalém: ". Conversavam sobre a saída deste mundo
que Jesus iria consumar em Jerusalém" (v. 31), isto é, a paixão, morte e
ressurreição. Na montanha, lugar de encontro com Deus, Pedro, Tiago e João são
admitidos na oração de Jesus e podem contemplar, na glória, Jesus juntamente
com Moisés e Elias; ambos aparecem "revestidos de glória" (v. 31), o
que sugere a promessa da ressurreição. O que faz com que o rosto de Jesus seja
transfigurado, na sua oração, é que ele mantém a sua face voltada para o Pai. É
a comunhão com o Pai que transfigura e revela o mistério do Filho. A visão da
glória de Jesus (cf. v. 32) faz com que Pedro tome a iniciativa de fazer a
proposta de construir três tendas (cf. v. 33). Mas a sua sugestão cai no vazio,
pois é Deus que os envolve na nuvem, ou seja, os faz participar da intimidade
divina. O medo que eles sentem corresponde à entrada na presença de Deus; eles
sabem que ver Deus é morrer (Jz 6,23; 13,22; Ex 33,20). Na verdade, diz o
evangelista, Pedro "nem sabia o que estava dizendo" (v. 33). O que
Pedro não compreende é que a verdadeira tenda, o lugar da presença de Deus, é
Jesus. Aos discípulos cabe, então, descer da montanha e acompanhar Jesus na sua
subida para Jerusalém. O leitor do evangelho, prevenido pelo relato para não
sucumbir ante o "escândalo" da paixão e morte de Jesus, é convidado a
percorrer o mesmo caminho, encorajado pela antecipação da experiência pascal. A
voz que sai da nuvem e interpreta o acontecimento (v. 35) retoma a voz por
ocasião do batismo (3,22; Is 42,1); a diferença que dessa vez a declaração do
Pai se abre aos discípulos: Jesus é um profeta poderoso em gestos e palavras -
trata-se de escutá-lo. A transfiguração não se oferece à visão, mas à fé que
faz ver. Pedro, Tiago e João foram testemunhas oculares (Lc 1,1-4), mas
"ficaram calados e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham
visto" (v. 36). Será preciso esperar a realização de tudo o que foi
sugerido pelo relato para, então, eles poderem, impulsionados pelo Espírito do
Ressuscitado, dar o seu testemunho, pois será impossível deixar de falar sobre
o que viram e ouviram (cf. At 4,20)
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Carlos Alberto Contieri,sj
Carlos Alberto Contieri,sj
FONTE: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho
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