sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Anúncio libertador e coerente
João Batista faz seu anúncio profético nas regiões vizinhas da
Judeia ("além do Jordão", conforme o evangelho de João - 1,28; 3,26;
10,40), inaugurando um forte movimento renovador, a partir da ruptura com a
doutrina e o culto do Templo de Jerusalém e com a sua linhagem sacerdotal. Com
seu anúncio libertador e coerente, atrai as multidões e reúne discípulos em
torno de si. O próprio Jesus vem de sua cidade, Nazaré da Galileia, para ser
batizado por João.
João, com o rito simbólico de seu batismo, conclamava o povo à conversão
(metanóia). Conversão significa mudança de vida, mudança de comportamento e de
valores. Em relação a algumas outras práticas religiosas de abluções
(purificação com água) existentes, o batismo de João era uma inovação. Ele
significava um compromisso com a prática da justiça, através da qual o pecado é
removido. Assim, fica descartada a tradição segundo a qual se devia buscar a
purificação dos pecados através de ofertas e sacrifícios de animais a serem
praticados pelos sacerdotes do Templo de Jerusalém.
Àqueles que a ele vinham, julgando-se justificados e salvos por serem
"filhos de Abraão", João incitava à conversão com uma nova prática de
vida, dizendo-lhes: "Produzi fruto digno de arrependimento e não penseis
que basta dizer: 'Temos por pai a Abraão'. Pois eu vos digo que mesmo destas
pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão".
Em resposta às multidões que o procuravam, João apresenta o essencial da nova
prática a ser assumida a partir do compromisso do batismo. Com as recomendações
de partilhar as túnicas e a comida, não cobrar nada além do estabelecido (aos
publicanos), de não maltratar a ninguém, não fazer falsas denúncias e não
extorquir dinheiro (aos soldados), fica caracterizada a efetiva conversão pelo
amor e pela prática da justiça, na solidariedade com os mais fracos e
empobrecidos.
Jesus se fez discípulo de João, contudo, amplia seu movimento com um novo
caráter. O seu anúncio inicial é o mesmo de João: a conversão ao Reino de Deus
que está próximo. Entretanto, a sua novidade é o dom do Espírito e da vida
eterna àqueles que aderirem ao Reino, que é a vida plena para todos. A prática
da justiça, decorrente da conversão e do compromisso do batismo anunciado por
João, alcança, assim, uma dimensão de participação na vida divina e de
eternidade, no Espírito.
Depois da morte de João Batista, seus discípulos continuarão com um movimento
em paralelo ao movimento que também foi iniciado por Jesus, conforme se pode
perceber em várias passagens do Segundo Testamento. Ao escreverem as memórias
de João Batista, os evangelistas, a fim de atrair para o movimento de Jesus
aqueles que permaneciam fiéis como discípulos de João, procuram caracterizá-lo
como alguém que conscientemente se coloca em posição subalterna a Jesus.
Em clima de expectativa do Advento, ao renovarmos a consciência da presença de
Jesus encarnado entre nós, Filho de Deus e eterno, enchemo-nos de alegria.
"O Senhor está a teu lado... apaixonado de amor por ti" (primeira
leitura). "Alegrai-vos sempre no Senhor"!
José Raimundo Oliva
FONTE: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/evangelho.aspx
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