sábado, 6 de outubro de 2012
Um projeto de igualdade
Os fariseus,
procurando motivo para condenar Jesus em questões da Lei, o questionam, agora,
sobre o preceito do Decálogo que permite ao homem despedir a sua mulher (Dt 24,1). A Lei, que
era atribuída a Moisés, com seu caráter patriarcal machista, vinculava os bens
do casamento à posse do marido, relegando a mulher a uma posição de submissão.
Reconhecendo o direito do homem de repudiar sua mulher, não explicitava, contudo,
quais os motivos que justificariam tal repúdio. Entre os rabinos debatiam-se
quais seriam estes motivos. A escola do rabino Hillel,
mais seguida, autorizava o repúdio pela simples insatisfação do homem. A escola
do rabino Shammai limitava o repúdio
apenas nos casos de infidelidade da mulher.
Os fariseus, apegados à Lei, não duvidavam deste direito do homem. Jesus, em
sua resposta, associa a Lei à dureza dos corações daquele povo e recorre ao
projeto criador de Deus: homem e mulher, criados em uma só carne (primeira
leitura), em igualdade de condições. Descartando, assim, o legalismo e o
machismo, Jesus remete o homem e a mulher ao projeto criador de Deus, que é
elevar a humanidade à plenitude do amor.
Na passagem paralela, no evangelho de Mateus (Mt
19,9; 5,32) é mencionado o direito de despedir a mulher no caso de pornéia (no original grego),
de duvidosa interpretação, possivelmente com o sentido de adultério. Neste
texto de Marcos, tanto o marido como a mulher podem dispensar o cônjuge,
contudo, uma nova união é considerada como adultério. Porém, diante da
complexidade da situação, é importante que sejam avaliados com bastante
discernimento os casos de novas uniões.
Algumas pessoas, ao trazerem crianças para serem abençoadas por Jesus, são
repreendidas pelos discípulos. As crianças são o símbolo dos excluídos, e os
discípulos ainda guardam a mentalidade repressiva, o que leva Jesus a
aborrecer-se. Acolher uma criança é assumir a humildade, a pequenez e a
fragilidade diante de Deus.
Na Epístola aos Hebreus (segunda leitura) fica em evidência seu caráter
eminentemente sacrifical, pelo qual, sob dois aspectos, contradiz a imagem de
Jesus, Filho de Deus. Jesus, Deus presente humildemente na história, entre os
humanos, passa a ser coroado de gloria e honra nos céus; e tal glória é a
recompensa do sofrimento, uma vez que Jesus sempre se empenhou em aliviar os
sofrimentos, comunicando vida plena com seu amor carinhoso.
José Raimundo Oliva
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