sábado, 2 de junho de 2012
Missão dos discípulos de Jesus
Nos evangelhos de
Marcos e de Mateus, quando as mulheres, após a crucifixão de Jesus, vão visitar
seu túmulo na madrugada do primeiro dia da semana, um anjo lhes diz: "Ide
contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos e que vos precede na Galileia.
Lá o vereis" (Mc 16,7; Mt 28,7). No evangelho de Marcos, Jesus já havia
dito aos discípulos: "Depois que eu ressurgir, eu vos precederei na
Galileia" (Mc 14,28).
Em Mateus, após as
palavras do anjo, o próprio Jesus, vindo ao encontro das mulheres, lhes repete:
"Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá me
verão" (Mt 28,10).
Em continuidade a este anúncio, Mateus registra o encontro dos discípulos com
Jesus em uma montanha da Galileia. Durante seu ministério na Galileia, Jesus já
havia enviado os apóstolos em missão. Agora, permanecendo vivo entre eles,
reenvia-os para fazer discípulos entre todas as nações. Não há nenhuma eleição
particular, todos são chamados ao seguimento de Jesus, na adesão à vontade do
Pai, que é que todos tenham vida, em comunhão plena de amor.
Os discípulos são
enviados para batizar, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Jesus
assumiu o batismo de João revelando que este batismo da conversão é do agrado
de Deus, e pela prática da justiça que promove a vida, removendo o pecado do
mundo, somos inseridos na própria vida divina, na comunhão de amor entre o Pai
e o Filho. Deixando-nos conduzir pelo Espírito de Amor, na fraternidade e na
compaixão, tornamo-nos filhos de Deus (segunda leitura), ao qual chamamos de
"Pai Nosso".
Em contraste com os evangelhos de Marcos e Mateus, Lucas não narra o retorno à
Galiléia. Na sua narrativa, com sua teologia particular, o ressuscitado ordena
aos discípulos: "Permanecei em Jerusalém até serdes revestido da força do
Alto" (Lc 24,49). E Lucas conclui seu evangelho com a observação:
"Eles voltarem a Jerusalém com grande alegria e estavam continuamente no
Templo, louvando a Deus" (Lc 24,52s). O empenho de Lucas é apresentar
Jerusalém como sendo o centro de irradiação do cristianismo, após a morte de
Jesus, relegando a Galileia à obscuridade.
Credo da tradição de
Israel, bem desenvolvido no livro do Deuteronômio (primeira leitura), se
fundamenta em uma divindade que elege um povo e o conduz à "terra
prometida", por meio de "sinais e prodígios, por meio de combates,
com mão forte e braço estendido, por meio de grandes terrores",
exterminando os demais povos, que são considerados inimigos. É o deus do
terror: "Hoje começarei a espalhar o terror e o medo de ti aos povos debaixo
do céu. Ao ouvirem falar de ti, ficarão perturbados e tremerão de angústia à
tua frente" (Dt 2,25). Esta crença, como foi destacado pelo Sínodo para o
Oriente Médio, em 2010, tem sido o fundamento das violências perpetradas contra
o povo da Palestina, em nossos dias. Removendo esta imagem de Deus, Jesus vem
revelar o Deus de amor e misericórdia, na humildade, na mansidão e na paz, que
acolhe todos os povos do mundo. Jesus se comunica não com terror e poder, mas
com seu amor e suas palavras dirigidas aos seus discípulos, de irmão para
irmão, de amigo para amigo. É a presença carinhosa, com palavras de vida que
seduzem e conquistam.
José Raimundo Oliva
Fonte: http://www.paulinas.org.br
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