sábado, 18 de fevereiro de 2012

HOMILIA 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM


JJesus anunciava a Palavra, quando trazem-lhe um paralítico carregado por quatro homens. Para chegar perto de Jesus tiveram que abrir o teto bem em cima do lugar onde estava o Senhor. E desceram o enfermo na cama com cordas auxiliares (Mc 2, 1 – 4). Vendo a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: “Filho os teus pecados estão perdoados.” Os mestres da lei hebraica que estavam ali disseram em seus corações: “Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus.” (Mc 2, 5 – 7). Mas, o Senhor lhes responde dizendo: “Por que pensais assim em vossos corações? O que é mais fácil dizer ao paralítico: “Os teus pecados estão perdoados” ou dizer: “Levanta-te, pega a tua cama e anda”? De fato, pelas próprias forças humanas, não se pode nem curar um paralítico (só com palavras) e nem perdoar pecados. A Igreja pode perdoar os pecados, através do sacramento da confissão porque Jesus lhe deu ordem para tal (cf. Jo 20, 23). E prossegue Jesus: “Para que saibais, que o Filho do Homem (Ele, Jesus) tem, na terra, poder de perdoar pecados – disse Ele ao paralítico – eu te ordeno: levanta-te pega tua cama e vai para  tua casa!”O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos”. E ficaram maravilhados e louvavam a Deus, dizendo: “Nunca vimos uma coisa assim” (Mc 2, 9 – 12).

É de se notar que o paralítico não havia dito nada: nem pediu a cura, nem disse estar arrependido. Mas os seus gestos concretos fazem denotar isto: deixou-se ser levado a Jesus e assumiu a cura e o perdão que Jesus lhe deu, obedecendo-O e indo livre para sua casa. Por outro lado a fé daqueles homens, embora também não tivessem dito nada, expressou a súplica deles a Jesus em favor do homem enfermo. Aqui podemos notar o poder e a função da intercessão.

Passando à 1ª leitura (Is 43, 18 – 19. 21 – 22. 24 – 25) percebemos que Deus nos manda não ficar lembrando as coisas passadas, não olhar para os fatos antigos. Ou seja, Deus quer que nos desliguemos dos pecados passados e nos abramos ao Seu perdão restaurador. Ao mesmo tempo em que isto implica também na cura de lembranças dolorosas. Deus anuncia essa restauração através de imagens da natureza: uma estrada aberta no deserto e rios na terra seca. Por outro lado, Deus se lamenta do povo em ter esquecido o Senhor, ter-se fatigado d´Ele, cansando a Ele com as maldades humanas. O que pode acontecer conosco também: cansar-se de Deus e não se voltar mais a Ele: Mas fomos criados para cantar os louvores ao Senhor (Is 43, 21). E esse louvor só o podemos fazer experimentando a restauração divina em nós. E para tal Deus, na Sua infinita misericórdia “cancela as nossas culpas, por minha (d’Ele) causa e já não me lembrarei de teus (do povo) pecados” ( Is 43, 25).

O salmo 40 (41) nos aponta uma oração de súplica por perdão expressa no refrão: “Curai-me, Senhor, pois pequei contra vós!” E o mesmo salmo destaca uma condição para receber o perdão de Deus (além do arrependimento): “feliz de quem pensa no pobre e no fraco: o Senhor o liberta no dia do mal”. Isto é, para que Deus veja a nossa fraqueza e nos liberte, temos que ver a fraqueza do próximo para ajudá-lo (como os homens que levaram o paralítico a Jesus). Continua o salmo dizendo que Deus vai amparar no leito de dor e transformar a doença em vigor, àquele que se abriu ao sofrimento do próximo. E uma súplica conclui a 2ª quadra do salmo: “curai-me, Senhor, pois pequei contra vós!”

A segunda leitura (2 Cor 1, 18 – 22) nos convida a um “sim” permanente a Deus, assim como Jesus que foi um “sim” permanente a Deus Pai: Não houve em Jesus uma mistura de “sim” e de “não”, mas somente um “sim”. N’Ele  todas as promessas de Deus Pai têm o seu “sim”. É Jesus, portanto o “sim” permanente do Pai a nós (para nos salvar) e o “sim” permanente do Senhor Jesus ao Pai e a nós. Por Ele dizemos “amém” a Deus, para a sua glória. E é Deus que nos confirma em nossa adesão a Cristo que nos ungiu ( com o espírito Santo). O “não” é o pecado e a incredulidade, que procedem do mundo, do maligno e de nossa natureza inclinado ao mal. Daí, reafirmar o nosso sim (a fé e a fidelidade) a Deus Pai, em Jesus Cristo, pelo Espírito Santo.

Em suma, acolher o perdão e a restauração que Deus quer nos dar, mediante o ir a Jesus, suplicar-lhe, arrepender-se, mudar para uma vida só de “sim” a Deus e ir ao encontro do irmão que sofre seja na doença, seja no pecado, para conduzi-lo a Jesus e receber d’Ele a restauração.

Monsenhor José Geraldo da Silva Pinto Souza 
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