sábado, 11 de fevereiro de 2012

HOMILIA 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Jesus cura um leproso, que lhe suplicou de joelhos: “Se queres, tens o poder de curar-me” (Mc 1,40). Jesus atendeu a essa pessoa, cheio de compaixão, estendeu a mão e tocou nele e disse: “Eu quero, fique curado!” (Mc 1,41-42). Jesus realiza uma cura bem além da lepra física, ao tocar no enfermo, denotando que Ele quebrava o tabu em relação aos leprosos (estes deviam ser colocados à parte gritando “leprosos”, e não podiam se aproximar das pessoas sadias; e eram consideradas, sob maldição). O tabu quebrado é que Jesus toca no leproso, sente compaixão e não repulsa.  Jesus envia o homem curado ao sacerdote e que oferecesse uma oblação de gratidão (Mc 1,44), cumprindo uma prescrição que Moisés havia feito e ao mesmo tempo recebendo do sacerdote (autoridade para isto, na época), a reintegração na sociedade israelita de então (ibidem).

O homem curado cumpria essa determinação e passou a contar e a divulgar muito o fato de sua cura (Mc 1,45). O povo acorria a Jesus, certamente para obter graças de Jesus. O Senhor, então ficava fora da cidade, em lugares desertos (Mc 1,45), certamente para a oração e repouso. Fé, súplica e coragem do homem que era leproso (este não podia se aproximar das pessoas sadias) e se aproximou de Jesus. Compaixão e prontidão de Jesus em atender ao homem suplicante, foi o outro fator de cura. Também em nossa vida diária temos que ter as mesmas atitudes e Jesus nos atenderá do mesmo modo.

 Na primeira Leitura temos a cura da lepra, feita por Deus, através da intercessão do profeta Eliseu, a Naamã da Síria que veio ao encontro do profeta. Este havia mandado que o sírio mergulhasse sete vezes no rio Jordão para que ficasse curado (2 Rs 5,10). A principio Naamã recusou-se a fazer isto, pensando consigo que os rios lá da Síria eram mais belos que o rio do Jordão e quis voltar para casa com sua lepra. Mas os seus servos o estimularam a cumprir essa ordem de Eliseu, que mandara fazer uma coisa simples. E que “se o profeta lhe mandasse fazer algo difícil não o faria? Quanto mais essa ordem tão simples, porque não fazê-lo?” (2 Rs 5, 13). Naamã acolhe o que os seus servos lhe aconselharam e, mergulhando as setes vezes no rio Jordão, fica totalmente curado (2 Rs 5, 14). A sabedoria veio, portanto, de simples servos. E o general Sírio teve a humildade de acolher essa sabedoria.

O Salmo responsorial (31/32) coloca a purificação da alma, curado da lepra espiritual, que é o pecado. E declara “feliz o homem que foi perdoado e cuja a falta já foi encoberta”, “em cuja alma não há falsidade”. E destaca a necessidade da confissão: “Eu irei confessar meu pecado e perdoaste, Senhor, minha falta”. É importante ressaltar que o israelita não se confessa diretamente a Deus, mas se apresentava ao sacerdote para apresentar a Deus, através de seu ministro, a oblação de reparação pelo pecado. Como o leproso curado do Evangelho, devia ir ao sacerdote fora atestar publicamente a sua cura, em cuja ocasião agradecia a Deus e tinha a confirmação de sua cura. Ao mesmo tempo em que, se confessava, de certa forma, porque a lepra era considerada como maldição, direta ou indiretamente ligada ao pecado.

Hoje, a lepra espiritual, certamente o pecado, deve conduzir a pessoa ao sacerdote, com arrependimento e confissão. Paulo na segunda leitura (1 Cor 10, 31-11,1), nos ordena que não escandalizemos a ninguém, fazendo tudo para agradar a todos, não buscando o que é vantajoso para si mesmo, mas o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos. Dentro do contexto dessa reflexão acima, evitar a lepra do pecado do egoísmo, abrindo-se para o amor fraterno realmente. E Paulo aponta o seu próprio exemplo: “sede meus imitadores como também eu o sou de Cristo”.

Em conclusão: Evitar a lepra do pecado, mas se a pessoa cair ir a Jesus através do sacerdote, para receber a sua regeneração espiritual. Também ajudar a quem está mergulhado no pecado, para que possa mergulhar nas águas do Divino Espírito Santo e torne-se nova criatura. Para quem já foi batizado isto significa ir ao sacramento da confissão. Saber acolher é saber dar bons conselhos, que é uma das obras de caridade espiritual. Como também dar bons exemplos, que é uma forma viva de dar bons conselhos.

Monsenhor José Geraldo da Silva Pinto Souza 
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário