sábado, 19 de novembro de 2011

HOMILIA DO XXXIVº DOMINGO DO TEMPO COMUM


Solenidade de Cristo Rei do Universo


O reinado de Jesus é na linha do Bom Pastor. Por isto, já na primeira leitura (Ez) vemos que Deus vem tomar, Ele próprio o cuidado com suas ovelhas. Ele reconduz as ovelhas dispersas “num dia de nuvens e de trevas”, ou seja, Deus é o Rei-Pastor que se dedica ao rebanho e aquelas ovelhas que haviam sido dispersas pelas provações. E faz a todas repousar. Este repouso está indicado também no salmo 22: “É nos prados da relva mais fresca que me faz repousar. Para as águas tranqüilas me conduz, reconforta a minh’alma”. Ele cura a ovelha ferida, restabelece a doente, protege a que está saudável. Apascenta a todas com justiça, (isto é, num quadro de igualdade, de retidão e retificação. Ao mesmo tempo Ele vai julgar entre “ovelha e ovelha”, isto é, entre uma ovelha que fez o bem e outra que fez o mal) e “entre as ovelhas e os bodes” (ou seja, entre as ovelhas realmente do rebanho e aquelas que falsamente estavam infiltradas). É o rei que reina servindo.

O salmo 22 estende a ação do Pastor-Rei para outras ações de pastoreio: conduz às águas refrescantes, restaura a alma, leva pelos caminhos retos, protege no vale escuro (liberta dos males), ampara com seu cajado. E ainda: perfuma a cabeça com seu óleo (consagra-nos a Ele, alivia as penas, cura em meio ao calor espiritual negativo). Faz transbordar a nossa taça: preenche-nos de bênçãos de alegria. Ele é o Rei-Pastor misericordioso e sumamente bondoso. O salmista se propõe habitar na casa do Senhor por longos dias, o que deve ser nossa intenção: estar sempre na casa do Senhor, em seu templo.

O Evangelho (Mt 25, 31-46) aponta para o Rei-Pastor que virá, no juízo final, para a separação dos bons e dos maus. E o critério dessa separação é da prática autêntica da caridade: “Vinde benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo”. (v. 34). E o critério da escolha vem em seguida: “Porque eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim”. (vv. 35-36). Os salvos perguntarão perplexos, “Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber, peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos, enfermo e na prisão e te fomos visitar?” (vv. 37-38). E o Rei responderá: “Em verdade, eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que fizestes”. (v. 40). Portanto, os salvos, as ovelhas autênticas do rei-Pastor que é Jesus, são as que praticaram verdadeiramente a caridade: viram (ou nem sabiam) Jesus no próximo.

E as condenadas, vistas como cabritos (v. 32) são as que não praticaram a caridade, omitiram-se (vv. 41-46). Daí, o Rei que é Jesus e o Pastor que cuida de nós, mas quer ser cuidado, através do cuidar do próximo. Ele quer ser alimentado e receber os demais cuidados, nos irmãos e irmãs.

No juízo final, o Rei Jesus volta com a glória e nos dá a Sua glória, com a ressurreição de todos (1 Cor 15, 20-28). O reinado negativo de Adão, com pecado e morte, é destruído: e vem o reinado de Jesus, o Novo Adão, com a graça e a vida plena. Daí, o reino de Jesus, ser o reino da graça, da vida e da glória verdadeira. Por isto, no juízo final começa de modo visível, e definitivo, o reino da salvação que Jesus nos trouxe com Sua morte e Ressurreição. Ao invés de terror pelo juízo final, o cristão autêntico deve ansiar para que venha depressa o Reino de Deus, como rezamos no Pai-Nosso: “Pai-Nosso, que estais nos céus, santificado seja o Vosso nome; venha a nós o Vosso reino”. E na Santa Missa, após a consagração do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao ser o povo conclamado a professar a sua fé em Jesus eucarístico, o celebrante diz: “Eis o mistério da fé”. E o povo aclama: “Anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a Vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus”. O que nos conduz a pedir que o Senhor venha depressa no Seu Reino pleno e visível.

O Senhorio de Jesus é discreto, pleno de serviço salvífico a nós. Ele reina pastoreando, servindo a Sua graça. Ao mesmo tempo Ele quer ser servido no próximo. Nós, ovelhas do Senhor, como estamos O acolhendo em si mesmo e nos irmãos? Deixo-me ser conduzido por Jesus, ouvindo a Sua voz, sendo guiado por Ele e caminhando em Seu caminho?

Mons. José Geraldo da Silva Pinto Souza
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