sexta-feira, 11 de novembro de 2011

HOMILIA DO XXXIIIº DOMINGO DO TEMPO COMUM


            O Evangelho de hoje nos convida a tomar posse de nossos talentos, que Deus nos deu. Embora a concessão dos talentos seja diferenciada (a parábola nos diz que um empregado recebeu cinco talentos, outro recebeu dois e o terceiro recebeu um; cf. Mt 25, 14-30) o importante não é a quantidade, mas o esforço em render esses talentos. O evangelho nos diz que o Senhor deu a cada um segundo a sua capacidade (v.15). Não foi por preconceito, nem discriminação, mas cada um de nós recebe de acordo com a respectiva capacidade. Deus não exige de nós além do que podemos.

            Mas, aquele que recebeu um só talento, por medo, enterrou-o na terra e o devolveu sem rendimento algum ao Senhor, foi censurado como mau e preguiçoso (vs 24-26). O Senhor o adverte que, pelo menos, deveria ter posto aquele talento depositado num banco, e na volta do patrão, haveria juros (v.27). E esse empregado perde o único talento e é punido (v.30). Essa mensagem, realidade, aponta para a gravidade da omissão como o pecado maior, porque é causado não por uma tentação, mas por medo e preguiça que provêm do próprio indivíduo omisso.

            Em linha positiva, em forma de premiação, quem recebeu cinco talentos e o outro que recebeu dois, são contemplados porque fizeram rendê-los: recebem os talentos de volta e o número de cidades respectivamente ao número de talentos rendidos. Isto aponta para a necessidade de render os talentos como expressão de tomar posse dos mesmos e fazê-los frutificar. É a dimensão do agir cristão, que desenvolve os dons recebidos de Deus.

            Outrossim, vejamos que talento era o nome de uma moeda preciosa, e o termo, por analogia, entrou em nossa língua portuguesa como sinônimo de dom, que pode significar todas as bênçãos que Deus nos deu e que devem ser percebidas, assumidas e frutificadas. Na primeira leitura (Pr 31, 10-13.19-20.30-31) aparece a figura da mulher diligente que fez atrair os seus dons em trabalho, cuidados com os empregados, com o marido e com os necessitados. Aqui nós podemos ver que o rendimento dos dons não é só em linha de acumulação, mas também em atitude de partilha e distribuição. Esta está em função dos empobrecidos pelas injustiças sociais, com os que estão carentes por doenças e outros motivos.

            Essa mulher eficaz, diligente e bondosa é elogiada como o foram os servos premiados do Evangelho de hoje. Estas atitudes de frutificação e partilha está focalizada também no salmo responsorial (Sl 127), atitudes estas que se vinculam ao temor de Deus (refrão do Salmo), lembrando que esse temor não é medo, mas respeito, acolhida e assimilação do projeto de Deus.

            Por outro lado, a volta do Senhor (dia do Juízo Final) quando o Senhor faz o balanço final (Evangelho) é abordado também na segunda leitura (1 Ts 5, 1-6). E aqui São Paulo nos diz que esse dia “virá como um ladrão” (v.2), ou seja, em dia imprevisto. Mas para quem está agindo como o Senhor o quer, essa dia não será como a vinda do ladrão, ou seja,  o cristão diligente está sempre preparado para a vinda do senhor. Daí, “não dormir, mas ser vigilantes e sóbrios” (v.6). O dormir aqui significa não se deixar dominar pela preguiça, nem pela omissão.

            Em conclusão, o cristão deve ver que dom recebeu. Está atuando-os? Se está, em atividade de frutificação, permanecer a progredir. Se não está, passar a vivenciar a vida em Deus como atitude receptiva e ativa buscando colaborar com Deus na edificação do seu reinado.

Mons. José Geraldo Pinto de Souza

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