sábado, 25 de março de 2017
DAS TREVAS À LUZ!
4º DOMINGO DA QUARESMA
A liturgia deste domingo é profundamente batismal, ou seja, na cura do
cego de nascença temos manifesta a graça e o rito batismal. De fato, o Batismo
nos faz passar das trevas para luz, pois este sacramento nos dá a graça de
brilhar a luz de Cristo, Por isso, desde a Igreja Primitiva, o recém-batizado é
chamado de neófito, ou seja, novo iluminado. O cego de nascença é a
figura do iluminado pela luz do Senhor.
A escuridão, as
trevas e a cegueira carregam um sinal negativo na Bíblia. Representam a
desorientação, o pecado. Quando se vive no pecado, prefere-se que as obras
fiquem encobertas, para que a hipocrisia não seja desmascarada. Ser cego é não
reconhecer o Senhor, não abrir-se a salvação como foi a atitude de muitas
testemunhas do sinal de Jesus no Evangelho. Por isso, acolhamos o convite do
apóstolo Paulo: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz do Senhor. Vivei como
filhos da luz” (Ef 5,8).
Ser curado da cegueira é estar com os olhos abertos à salvação, é
reconhecer onde estão os verdadeiros valores, superando os vícios das trevas. O
cego de nascença tornou-se um enviado para a missão, pois foi ungido e
orientado para ir até a piscina de Siloé (=enviado). Pela graça
batismal, somos enviados para iluminar a luz de Cristo, para fazer o bem,
deixando as nossas obras serem luz para o mundo pela força do Espírito de Deus
(a saliva e o hálito significam o sopro divino).
Algumas
características são marcantes na cura do cego de nascença do Evangelho. São
notas características de todo batizado:
· Não é mais
reconhecido como cego (“é ele que pedia esmola?”): suas atitudes mudam,
evidencia-se sua conversão. O cristão impressionar o mundo com a nossa mudança
de vida.
· Não
tem medo da verdade. Os pais não têm coragem de manifestar o que aconteceu, as
autoridades não admitem, mas o iluminado não vende suas convicções, testemunha
com coragem a verdade, prefere ser expulso daquela comunidade do que mentir. Precisamos de pessoas
verdadeiras, pois como nos diz São Paulo, as obras das trevas nos causam
vergonha, os filhos das trevas as escondem.
· O iluminado está
em uma constante atitude de procura: “Quem é ele?” Nunca está satisfeito, mas
quer saber mais sobre aquele que o curou. Existe um constante peregrinar para o
conhecimento de Jesus, o Senhor.
É preciso entender
que Deus não escolhe um grupo seleto, mas faz sua opção na gratuidade. Deus
escolhe os fracos, os pequenos, os pecadores, os doentes… Deus escolheu Davi e
não Eliab, o filho mais forte de Jessé… A doença do cego não é um castigo, mas
uma oportunidade para manifestar o poder de Deus. Hoje Deus escolhe cada um de
nós para que vejamos longe, para que tenhamos olhos e mentes abertas e para que
a nossa vida brilhe.
Pe.
Roberto Nentwig
Arquidiocese
de Curitiba-PR
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