Carlos Alberto Contieri, sj
sábado, 6 de setembro de 2014
A missão do profeta.
O profeta
Ezequiel é contemporâneo do profeta Jeremias. Ao contrário de Jeremias que,
durante o exílio na Babilônia, ficou em Judá, Ezequiel foi para a Babilônia com
os deportados. Sua missão tinha um duplo aspecto: ajudar o povo exilado a não
se esquecer de que, ao contrário do que eles pensavam, Deus não os havia
abandonado, mas estava com eles, e manter viva a esperança do retorno à terra
dos seus antepassados. O texto autobiográfico que, hoje, lemos, apresenta
Ezequiel como sentinela da casa de Israel (cf. Ez 33,1-7). Enquanto tal, ele
deve alertar contra o inimigo que ameaça o povo. A missão do profeta é prevenir
o povo contra tudo o que possa ameaçar a esperança e a fidelidade ao Deus de
Israel. Ele compreende que sua missão, enquanto sentinela da casa de Israel é
também de despertar no povo o desejo de conversão.
O evangelho de
hoje é parte do discurso sobre a Igreja, em que Jesus instrui os seus
discípulos acerca dos aspectos essenciais da vida comunitária cristã. A
comunidade cristã é uma comunidade de reconciliados, por isso, o perdão deve
ser uma das marcas de sua existência. No trecho anterior ao apresentado pela
liturgia deste domingo, duas características da comunidade eclesial foram
ressaltadas: a comunidade cristã deve ser caracterizada pelo serviço e pelo
cuidado de uns para com os outros, de modo especial pelos “pequeninos”, isto é,
por aqueles que se sentem, por algum motivo, desprezados e não valorizados, e
que correm, por isso, o risco de abandonar a comunidade.
Nosso texto de hoje é, por assim dizer, a
aplicação prática do desejo de Deus de que nenhum membro da comunidade se perca
(v. 14). A atitude exigida para realizar o desejo de Deus é a iniciativa que
cada um deve tomar no que diz respeito à reconciliação, tendo presente que a
comunidade cristã é uma comunidade de irmãos (v. 15). O pecado divide a
comunidade. Se acontecer a alguém ser vítima do pecado de outro membro da
comunidade, trata-se, aqui, de tomar a iniciativa de ajudar o pecador no seu
processo de conversão, desde que ele aceite livremente. É Deus quem toma a
iniciativa de vir em socorro de nossa humanidade e é ele quem oferece,
gratuitamente, o seu perdão. A comunidade cristã é chamada a ser reflexo da
misericórdia divina (Mt 5,48; Lc 6,36; 15). Assim como Deus não desiste de nós,
também não devemos desistir de nossos irmãos. O único limite para o perdão e a
reconciliação é o fechamento do outro (v. 17). O amor fraterno e,
consequentemente, a comunidade cristã são construídos através desse esforço
permanente de reconciliação.
Carlos Alberto Contieri, sj
Carlos Alberto Contieri, sj
FONTE: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho
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