sábado, 6 de setembro de 2014

A missão do profeta.



O profeta Ezequiel é contemporâneo do profeta Jeremias. Ao contrário de Jeremias que, durante o exílio na Babilônia, ficou em Judá, Ezequiel foi para a Babilônia com os deportados. Sua missão tinha um duplo aspecto: ajudar o povo exilado a não se esquecer de que, ao contrário do que eles pensavam, Deus não os havia abandonado, mas estava com eles, e manter viva a esperança do retorno à terra dos seus antepassados. O texto autobiográfico que, hoje, lemos, apresenta Ezequiel como sentinela da casa de Israel (cf. Ez 33,1-7). Enquanto tal, ele deve alertar contra o inimigo que ameaça o povo. A missão do profeta é prevenir o povo contra tudo o que possa ameaçar a esperança e a fidelidade ao Deus de Israel. Ele compreende que sua missão, enquanto sentinela da casa de Israel é também de despertar no povo o desejo de conversão.

O evangelho de hoje é parte do discurso sobre a Igreja, em que Jesus instrui os seus discípulos acerca dos aspectos essenciais da vida comunitária cristã. A comunidade cristã é uma comunidade de reconciliados, por isso, o perdão deve ser uma das marcas de sua existência. No trecho anterior ao apresentado pela liturgia deste domingo, duas características da comunidade eclesial foram ressaltadas: a comunidade cristã deve ser caracterizada pelo serviço e pelo cuidado de uns para com os outros, de modo especial pelos “pequeninos”, isto é, por aqueles que se sentem, por algum motivo, desprezados e não valorizados, e que correm, por isso, o risco de abandonar a comunidade.

 Nosso texto de hoje é, por assim dizer, a aplicação prática do desejo de Deus de que nenhum membro da comunidade se perca (v. 14). A atitude exigida para realizar o desejo de Deus é a iniciativa que cada um deve tomar no que diz respeito à reconciliação, tendo presente que a comunidade cristã é uma comunidade de irmãos (v. 15). O pecado divide a comunidade. Se acontecer a alguém ser vítima do pecado de outro membro da comunidade, trata-se, aqui, de tomar a iniciativa de ajudar o pecador no seu processo de conversão, desde que ele aceite livremente. É Deus quem toma a iniciativa de vir em socorro de nossa humanidade e é ele quem oferece, gratuitamente, o seu perdão. A comunidade cristã é chamada a ser reflexo da misericórdia divina (Mt 5,48; Lc 6,36; 15). Assim como Deus não desiste de nós, também não devemos desistir de nossos irmãos. O único limite para o perdão e a reconciliação é o fechamento do outro (v. 17). O amor fraterno e, consequentemente, a comunidade cristã são construídos através desse esforço permanente de reconciliação. 

Carlos Alberto Contieri, sj

FONTE: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho
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