O tema do testemunho de João Batista sobre Jesus já está antecipado no prólogo do quarto evangelho (cf. Jo 1,15). O “dia seguinte” (v. 29) refere-se a Jo 1,19-28, episódio em que João é submetido a um verdadeiro interrogatório por parte dos sacerdotes e levitas, enviados pelos judeus de Jerusalém. Esse interrogatório serve ao leitor do evangelho para esclarecer que João não é o Cristo (cf. Jo 1,20). A declaração de João continua ao apontar Jesus como o “cordeiro de Deus” (cf. Jo 1,29). Essa é a única ocorrência, no Novo Testamento, do título cristológico atribuído a Jesus. Trata-se de um título carregado de evocações veterotestamentárias: pode evocar o “servo sofredor” (Is 53,7) e/ou o cordeiro pascal cujo sangue aspergido nas portas das casas livraram os hebreus das pragas do Egito (cf. Ex 12,1ss), aspecto que recorre em Jo 19,14.31-36; pode ainda ligar-se a Ap 17,14, em que o Cordeiro imolado é apresentado como vitorioso. O “cordeiro de Deus” é aquele a quem a missão de João Batista está subordinada (cf. Jo 1,30-31). O reconhecimento do Filho de Deus se dá por uma “visão” (cf. Jo 1,32-34), entenda-se, por revelação, por uma experiência interna e pessoal de Deus. O critério do reconhecimento é a inabitação do Espírito em Jesus. Essa visão em que o Espírito Santo é tangível na pessoa de Jesus faz com que João declare a filiação divina do Nazareno (cf. Jo 1,34). (ver 3 de janeiro)
Carlos Alberto Contieri, sj
Nenhum comentário:
Postar um comentário