sábado, 3 de março de 2012

HOMILIA II DOMINGO DA QUARESMA


Jesus se transfigurou no Monte Tabor levando como testemunhas do fato maravilhoso, os apóstolos Pedro, Tiago e João. Suas vestes tornaram-se resplandecentes e muito alvas, anunciando assim a Sua glória em sua Ressurreição. Um fato também maravilhoso foi a aparição de Moisés e Elias (ambos, figuras proeminentes do Antigo Testamento, que estavam no céu) que conversavam com Jesus. Pedro toma a palavra e se oferece para fazer três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e a outra para Elias, como que quisesse que eles ficassem lá estabelecidos no monte Tabor. Diz o texto do evangelho de Marcos que “Ele não sabia o que falavas porque estavam sobremaneira aterrorizados” (v.4)

Há nesse fato uma teofania, ou manifestação de Deus, do Deus Uno e Trino (SS. Trindade) “o Pai se manifesta na voz: “Este é o meu filho muito amado; ouvi-O”. O Divino Espírito Santo se manifesta pela nuvem luminosa e o Filho está manifestado na Sua transfiguração. O Tabor com a transfiguração do Senhor é uma prova, uma “amostragem” da futura (então) ressurreição de Jesus, bem como a nossa que se dará no Juízo Final. Mas os apóstolos ao ouvirem que não contassem a ninguém o que tinham visto, “até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos” não entenderam isso e comentaram entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos” (vv 9 a 10).

Na 1ª leitura há uma prova terrível a qual Abraão foi colocado por Deus para testar a sua fé e obediência: o sacrifício de Isaac, o filho único, que havia nascido por milagre, já que sua mãe, Sara, era estéril e idosa. (Gn 22) Abraão se prontifica a cumprir a ordem de Deus. Mas o Senhor livrou Abraão dessa prova propiciando um cordeirinho que foi mostrado, naquela montanha isolada, por um anjo. E Deus anuncia novas bênçãos para Abraão: “Eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar, teus descendentes conquistarão as cidades dos inimigos, por tua descendência, serão abençoadas as nações da terra, porque me obedeceste” (Gn 22). Há aqui uma transfiguração: Isaac de filho querido passa por uma situação de vitima sacrifical e por fim é resgatado para a vida, pelo próprio Deus.

O Salmo (115) nos convida a guardar a fé mesmo dizendo “é demais o sofrimento em minha vida”. Foi o que fez Abraão e é o que fez Jesus dando a Sua vida por nós em Sua Morte de Cruz e resgatando-a com a Sua ressurreição. Temos que executar essa transfiguração, sob a ação do Espírito Santo: passarmos da vida de pecado à vida da graça divina. Passarmos dos sofrimentos à fé confiante em Deus, de que vamos ter uma nova realidade.

Na 2ª leitura São Paulo nos fala de São Paulo nos fala de que “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8, 31). Ou seja, se confiamos em Deus e nos colocarmos sob a sua proteção, nada poderá nos prejudicar. E a razão é que Deus não poupou o seu próprio Filho, entregando-O a Paixão e Morte para nos salvar. E mais ainda: Deus Pai ressuscitou a Jesus, expressando e realizando a transfiguração fundamental, que é a vitória de Jesus sobre a morte. E vitória que será nossa também.

Neste tempo de quaresma assumamos nossa transfiguração a cada vez mais intensa e projetiva para eternidade: de pecadores a uma santidade crescente de omissos para uma fé engajada, de insensibilidade à caridade ativa, sobretudo para com os enfermos.

Monsenhor José Geraldo da Silva Pinto Souza 
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário