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sábado, 27 de dezembro de 2014
Maria e José creram no Senhor
No trecho do livro do Gênesis que lemos hoje, aparece, pela primeira vez na Escritura, a palavra "fé" (cf. v.6). É como se a descendência numerosa prometida a Abraão nascesse da fé em Deus. De fato, é crendo que se vê realizar o que Deus promete. É pela fé de Abraão que Israel existe como povo de Deus. Abraão será, por isso, conhecido como o pai dos que têm fé.
Maria e José creram no Senhor. Por isso, abriram mão de seus projetos pessoais para aderirem ao desígnio salvífico de Deus. Souberam viver, em cada etapa da vida, o desafio de compreender e acolher o mistério de Deus presente na vida de Jesus, que eles educaram e viram crescer. Lucas, neste e noutros relatos, parece não ter nenhuma preocupação com a exatidão histórica e cultural. Originalmente, os costumes da apresentação e purificação da mãe são distintos; Lucas parece confundi-los. A prescrição para a purificação da mulher que deu à luz encontra-se em Lv 12, 1ss. Lucas modifica Lv 12, 6 - não é só a mulher que deve ser purificada, mas "eles" (cf. Lc 2,22). A prescrição quanto à consagração ou apresentação do primogênito ao Senhor encontra-se em Ex 13, 1.11-12. O nosso relato se baseia em 1Sm 1,22-28. O Filho primogênito tinha que ser resgatado ao completar um mês do seu nascimento, mediante o pagamento de um ciclo de prata a um membro de uma família sacerdotal (Nm 3, 47-48; 18,5-16). Lucas omite toda a menção do resgate do primogênito e transforma a cerimônia numa simples apresentação do menino no Templo de Jerusalém. Seja como for, e sem nos atermos a todas as possibilidades de interpretação, parece-nos que a intenção do evangelista é fazer com que o Antigo Testamento, representado por Simeão e Ana, testemunhe a realização da promessa de Deus em Jesus (cf. Lc 2, 29-32). O Antigo Testamento chega à sua plenitude; inaugura-se uma nova etapa na história da salvação. A cada noite, com os olhos fixos no Senhor, a Igreja canta o nunc dimitis para proclamar o dom da salvação oferecida por Deus a toda humanidade. Jesus Cristo é a luz que ilumina todos os povos (cf. Jo 8, 12).
Pe. Carlos Alberto Contieri
FONTE: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho.
domingo, 21 de dezembro de 2014
Maria experimenta Deus vivendo nela
Davi queria construir
um templo para abrigar a arca da Aliança. Através da arca, que continha as
tábuas da Lei, o povo experimentava a presença de Deus. Sobre a sua intenção de
construir referido templo, ele consulta o profeta Natã, o mesmo que denunciou o
grave pecado do rei. No entanto, a resposta de Natã a Davi não agradou a Deus:
“realiza o projeto que tens no coração”. Deus faz Natã voltar atrás e comunicar
a Davi o que Ele deseja. Deus não é prisioneiro de nossos projetos nem tampouco
de nossos caprichos. Davi invertia a ordem das coisas: não era ele o benfeitor
de Deus, mas Deus quem era o benfeitor de Davi. O mal de Davi era a sua
vaidade. Se Deus, à época, rejeita para si um santuário, é porque o seu Filho,
encarnado para a salvação de toda a humanidade, será o lugar de sua habitação.
Na tradição da
Igreja, a “arca da Aliança” é Maria, pois ela carregou no seu próprio seio a
Palavra encarnada do Pai. Se Maria é a arca, Jesus é, como dissemos acima, o
“Templo” no qual Deus habita e é encontrado. Nesse “Templo” não há o véu que
esconde o rosto de Deus, pois Ele é a imagem do Deus invisível (Cl 1,15).
Estando diante dele, se está diante de Deus (cf. Jo 14,9). O texto do anúncio
do anjo a Maria é surpreendente. É Deus quem toma a iniciativa de vir ao encontro
do ser humano para fazê-lo participar da obra do seu amor. O relato, tomado no
seu conjunto, mostra que Deus vai manifestando e fazendo compreender o seu
projeto de amor num diálogo permanente com o ser humano. É em nossa história
pessoal que Deus trava um diálogo conosco, como fez com Maria, para nos dar a
possibilidade de participar de sua própria vida. Gerando, segundo a carne, o
Filho de Deus, Maria experimenta Deus vivendo nela, e ela se experimenta
participando da vida divina. No dinamismo da encarnação, em que a criação chega
à sua plenitude, Deus quis contar com o ser humano. Nem a esterilidade de
Isabel nem tampouco a virgindade de Maria foram impedimentos para que Deus
cumprisse a sua palavra. A liberdade do ser humano poderia ter sido um impedimento.
No entanto, em Maria, ícone da Igreja, Deus encontra o “sim”, a adesão humana
necessária para que o seu Verbo tivesse uma existência histórica, como membro
de um povo.
Pe. Contieri
FONTE: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=evangelho
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